Legalidade filme
Com Legalidade, um vislumbre de um Brasil que poderia ter escapado da tragédia da ditadura
Por João Paulo Barreto
Impressionante como o timing do lançamento de um filme se torna preciso de acordo com a época e a conjuntura social e política em que ele é lançado. Se tivesse estreado há 10 ou 15 anos, Legalidade, novo trabalho dirigido por Zeca Brito (do excelente A Vida Extraordinária de Tarso de Castro) geraria, sim, reflexão e impacto semelhante ao que vemos hoje, em um desolador 2019, ano vitima que resultou de manipulações jurídicas e fake news em um processo de eleitoral vicioso.
Porém, adentrar atualmente no processo de luta liderado pelo então governador do Rio Grande do Sul em 1961, Leonel Brizola, por ocasião da renúncia desastrosa do presidente Jânio Quadros, torna inevitável a reflexão, comparação e consequente desânimo diante de nossos dias. Jânio, em livro organizado pelo seu neto, admitiu no leito de morte que usou o ato da renúncia como uma tentativa de recuperar popularidade voltando “nos braços do povo ao poder”. Para que este não assumisse, enviou seu vice, João Goulart, em visita diplomática à China e acabou dando um tiro no pé (e no país) uma vez que, de fato, deixou a presidência e abriu as portas para a sombra das Forças Armadas.
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A partir disso, a manipulação militar para impedir que Goulart assumisse, ou que assumisse através de um acordo com os milicos (como aconteceu), a influência estadunidense nestes conchavos e o folclore propagado em torno do “terror vermelho” (sensação de déjà vu com a campanha de 2018), levou o Brasil a apenas três anos de governo de Jango e uma caminhada à beira de um precipício uma vez que, em abril de 1964, este foi deposto e país caiu nas trevas da ditadura… Continua a leitura