Crítica

Crítica Maze Runner – Prova de Fogo: ainda mais tenso que o primeiro

Maze Runner – Prova de Fogo

Segunda parte da saga conseguiu impor um ritmo ainda mais frenético, e no quesito ação se sobrepôs ao primeiro filme

Por Luis Fernando Pereira

De todas estas franquias de filmes de ação com figuras jovens e icônicas como heróis (Katniss, Tris…) a de Maze Runner pode ser considerada a que mais conseguiu focar somente no elemento base da história, que é o mistério e o desenvolvimento da ação na narrativa principal. Enquanto que na saga Divergente e na franquia Jogos Vorazes, as protagonistas de modo recorrente se viam em meio à questões sentimentais familiares e amorosas, em Maze Runner vemos que o único objetivo do roteiro é fazê-los sobreviver.

Essa característica fornece um diferencial para a franquia; infelizmente tal característica ainda não foi usada de forma plena nos filmes.

Sobrevivência
Na continuação, que tem o subtítulo de Prova de Fogo (dirigida pelo cineasta Wes Ball), a ideia de sobrevivência vem logo nos minutos iniciais. O filme, que se inicia do mesmo momento do término do anterior, traz logo de imediato Thomas (Dylan O’Brien) com os seus amigos acreditando que estão a salvo em uma nova realidade. Livres da Clareira, o roteiro faz os personagens acreditarem por algum tempo (bem pouco), que estarão salvos e prontos para novas vidas.

Porém Thomas percebe – e depois comprova – que o perigo continua e que as mesmas pessoas que os resgataram querem usá-los como experimento. A única saída é fugir. E dessa fuga nasce um filme de ação e de aventura que surpreende pelo ritmo intenso e pelas sequências frenéticas e tensas.

Cranks
São dois os elementos mais marcantes dessa continuação: primeiro, as atormentadoras criaturas disformes (os Cranks) e depois a poderosa e misteriosa organização conhecida como C.R.U.E.L.

As criaturas servem para criar uma atmosfera ainda mais ríspida, aterrorizante e inóspita à trama e a C.R.U.E.L. chega como grande vilã da franquia e seu fim será o objetivo principal da história. Maze Runner acabará quando a organização for destruída, isso é o que dá a entender com este segundo filme.

Maze Runner – Prova de Fogo

A ambientação de Maze Runner – Prova de Fogo consegue proporcionar aquela vibe bem Mad Max, de um futuro com a Terra destruída e inóspita, e com pessoas vivendo do modo mais estranho possível. No filme vemos a sequência em que Thomas e Brenda (Rosa Salazar) tomam alguma bebida e logo depois entram numa festa e passam a vivenciar surtos psicóticos. Ali vemos uma representação bem interessante de como ficou a sociedade neste contexto decadente.

Os personagens mais humanos, já esquisitos, só não superam os chamados Cranks, criaturas assustadoras que mais parecem ter saídos de algum episódio de The Walking Dead. Se repararem, a dinâmica é muito perecida com as dos zumbis da série. O roteiro e a direção deve ter utilizado a experiência da série e produziu sequências com a mesma estrutura e tensão. A cena em que Thomas e seus amigos são pegos de surpresa por um monte deles, que estão acorrentados, é um bom exemplo disso.

Elenco
O elenco principal continua sendo o ponto forte da franquia, e mesmo Thomas com sua expressão facial um tanto apática consegue convencer como herói. Sua relação com Teresa (Kaya Scodelario) e com Brenda tem bons momentos, mas o roteiro, de modo feliz, não deu tanto destaque assim às relações. É tentador para um roteiro deste tipo de filme usar e abusar de cenas de amor e de romance.

As sequências de ação, que vieram aos montes neste novo filme, de um modo geral foram satisfatórias, mas por muito pouco não deram um tom desequilibrado ao filme. A ideia inicial de Prova de Fogo de que “O labirinto era apensa o começo” é das mais interessantes, porém a enxurrada de obstáculos que os personagens tiveram (cientistas, deserto, Cranks, rebeldes, tempestade de raios, soldados…) fizeram o filme soar um pouco exagerado. Ainda assim, é mais válido (nesse caso específico) pecar por excesso de ação, do que por falta.

Maze Runner – Prova de Fogo

Maze Runner Prova de Fogo chegou aos cinemas e mostrou a que veio. A experiência é ótima, é de um filme que junta ação, aventura e muitas doses de mistério. Com um elenco bom, faltou somente um toque mais mágico dos roteiristas, que poderiam transformar este tenso e intenso filme numa joia capaz de desbancar seus adversários do gênero.

Vamos esperar que o próximo consiga tal feito.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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