Crítica

Crítica Natália | Série do Canal Brasil melhora, mesmo com mudanças

Crítica “Natália”

Anos após uma primeira temporada de sucesso, Canal Brasil retoma história de Natália, agora 5 anos após os acontecimentos da temporada passada

Quem assistiu a primeira temporada da série Natália, certamente ficou com aquele gosto de quero mais, principalmente porque o desfecho da temporada inicial dava brechas para a protagonista preencher com muitas novas histórias. Ela estava começando a sua jornada como jovem negra que conseguiu cortar o cordão umbilical de uma família religiosamente fechada e foi buscar seus sonhos dentro de um universo tão emblemático como a moda.

A primeira temporada, exibida no início da década, trazia Natália, então vivida pela atriz Aisha Jambo, uma jovem suburbana, prestes a casar, que tinha uma família – principalmente o pai – bastante religiosa e conservadora, que limitava e muito o seu leque de sinhôs e metas. No momento em que série começa o único vislumbre de Natália é o casamento, dentro dos moldes da Igreja, claro.

Até que, por conta de sua irmã, mais rebelde e que tem uma função bem importante em sua vida, Natália conhece o mundo da moda, é convidada para umas fotos, vê o resultado destas em um enorme outdoor, e a partir daí começa a sua jornada de autoconhecimento e batalha contra tudo que uma jovem negra suburbana pode enfrentar num mundo tão elitista como o da moda.

A primeira temporada serve justamente para a série, criada por André Pellenz e Patrícia Corso, apresentar esta personagem para o público, e mostrar todos os obstáculos possíveis que alguém com o seu perfil enfrenta. Mas Natália está na trama para vencer, e é exatamente o que ela busca: consegue contrato com agência, desfaz o casamento, muda-se da casa dos pais, conhece um novo amor, enfim, ela vai a luta, e como qualquer luta, ela também leva socos da vida.

Esta sucessão de altos e baixos faz da primeira temporada uma agradável surpresa, e por conta disso o projeto sempre buscou uma segunda temporada. Não era o momento de parar. Porém, de 2011/2012 até aqui foram muitas ideias, tentativas, e somente agora, no início de 2018, a segunda temporada vai ao ar.

2ª temporada

A temporada, com 13 episódios, segue acompanhando a história de Natália. Depois de cinco anos no exterior, ela volta ao Brasil para novamente mudar de vida, investindo em uma nova profissão.

A série vai discutir, neste segundo ano, temas como o empoderamento feminino, ética na política, trabalho escravo na indústria da moda, afirmação racial e até mesmo a transsexualidade.

 “Estamos muito felizes em estrear a segunda temporada de ‘Natália’ na TV Brasil e no Canal Universal. Seguimos o mesmo propósito que a fez ser tão elogiada no primeiro ano, discutindo temas atuais e urgentes como a representatividade dos negros no audiovisual, a questão de gênero, o trabalho escravo na moda e a corrupção. A Academia de Filmes acaba de completar 22 anos no mercado, mantendo a tradição de produzir conteúdo audiovisual de qualidade para todas as telas”, comenta Juliana Bauer, gerente de negócios da Academia de Filmes.

Crítica “Natália”

Primeiro episódio da 2ª temporada
A temporada começa com a chegada de Natália no Brasil – nesta temporada interpretada por Angela Peres, atriz, socióloga e doutoranda em antropologia, em sua estreia como protagonista – para lançar a primeira coleção de roupas de sua nova carreira de estilista. Mas logo no primeiro dia Natália é surpreendida com a denúncia contra seu pai Marcelino, vivido pelo ator e fundador do grupo “Nós do Morro” Gutti Fraga, acusado de envolvimento em um esquema de corrupção da ONG “Mais uma Chance”, que reabilita dependentes químicos. Marcelino é acusado de ser laranja de Anderson (Wagner Santisteban), dono da ONG, deputado estadual e também pastor evangélico.

A trama se desenrola quando Ingrid (Leona Cavalli), uma empresária ousada e mulher de Otávio (Claudio Lins), ex-namorado de Natália, propõe sociedade à protagonista. Além de enxergar uma chance real de lucro, Ingrid percebe que a presença de Natália no Brasil pode interferir em seu casamento, e por isso quer manter a rival por perto.

Junto de Ingrid, Glória (Maurício Branco, agora interpretando uma mulher trans) e Otávio, Natália abre uma confecção de roupas, mas terá que aprender a administrar a vida de estilista, ao mesmo tempo em que lida com o pai na prisão e com o amor que sente pelo seu ex. A modelo vive ainda um dilema ao descobrir que a firma contratada para confeccionar as roupas de sua marca usa mão de obra escrava.

Crítica do episódio inicial
Se a mudança da protagonista, sai Aisha e entra Angela, não foi das melhores opções (não por falta de talento de Angela, que faz um trabalho mais que competente, mas sim por regra, pois mudar protagonista quase nunca é interessante), as temáticas escolhidas para abraçar este novo ano acaba compensando.

Natália se vê envolvida logo de cara em uma espécie de escândalo relacionada a OMG que seu pai está vinculado e a questões políticas, também por conta de seu pai. Ela chega ao país como uma mulher vitoriosa, empoderada, experiente, mais madura, mas com novos obstáculos para enfrentar. Este fato promete ser o melhor elemento da série: ver como Natália enfrenta os novos problemas estando, agora, numa situação mais privilegiada.

Elenco
Também integram o elenco: Michelly Campos como Daiana, Karen Junqueira como Vivienny e Hugo Bonemer como Theo Villaça Jr., importante vértice de um triângulo amoroso com Natália e Otávio.

Natália é um dos projetos atuais mais relevantes da televisão aberta e fechada no Brasil. Aliando um roteiro que funciona independente dos temas propostos, a questões de interesse de qualquer cidadão que queira viver bem em sociedade, a série retorna em busca de novos desafios, e espera-se que o espectador abrace novamente a protagonista, e a história.

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