Darkest Hour 2018
Dirigido por Joe Wright. Roteirizado por Anthony McCarten. Elenco: Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Lily James, Stephen Dillane, Ronald Pickup, Ben Mendelsohn
Por Gabriella Tomasi
Seguindo a temática explorada por Jonathan Teplitzky no filme Churchill (2017), O Destino de uma Nação retrata o período vivenciado pelo primeiro ministro britânico Winston Churchill no resgate e evacuação de suas tropas na França na praia de Dunquerque durante a Segunda Guerra Mundial. Sofrendo pressões do avanço nazista, de partidos políticos, militares e até mesmo do Rei, o longa retrata a jornada do líder da Inglaterra em evitar a vitória alemã sobre a Europa, cuja ações foram essenciais para a posterior derrota de Hitler.
Neste contexto, todo o filme dependia de uma boa atuação de seu protagonista. Vencedor do Globo de Ouro de melhor ator em filme dramático em 2018, o ator Gary Oldman não fora agraciado à toa. Há um grandioso trabalho em sua atuação, a qual acompanhada com um incrível trabalho de maquiagem lhe transformaram perfeitamente. Oldman carrega todo o peso do roteiro em suas costas e conduz eficientemente toda a narrativa, destacando-se dos demais personagens, o que não me surpreenderia se o resultado também lhe rendesse uma indicação (ou o prêmio) na categoria de melhor ator no Óscar de 2018. Ele acerta ao retratar um homem falho, humano, mas ao mesmo tempo teimoso e temperamental.
Embora seja um aspecto positivo, o destaque de Oldman acaba tendo seu lado negativo, eis que o exagero e a ultra-dramatização de seu personagem principal ofusca o trabalho dos demais e atrapalha o impacto de algumas cenas fundamentais como o próprio arco dramático de Halifax (Dillane) e Chamberlain (Pickup) e a exata relação entre ambos e Churchill, ou o papel de sua esposa Clementine (Thomas) como um aprofundamento de sua vida particular, íntima. O roteiro de McCarten possui dois furos inexplicáveis também. O primeiro ocorre no momento em que Halifax e Chamberlain formam um “complô” para que Winston declare em reunião a ausência de interesse em negociar um tratado de paz e, assim, para ser registrado formalmente e por escrito em ata como uma forma de propaganda contra o primeiro ministro e, eventualmente, afastá-lo do cargo. Esse truque é contornado, evidentemente, e Churchill não cai na armadilha, mas em um posterior momento ele declara sua rejeição em outra reunião para o acordo abertamente sem, contudo, possuir quaisquer consequencias. O segundo é que, embora seu partido fosse o maior foco do enredo com o intuito, de alguma forma, conquistar o apoio dentro dele, o partido político de oposição jamais estabeleceu um papel na narrativa quando, nos momentos finais, a pressão e o apoio a Churchill surgiu em razão da comoção realizada por este lado, e a exigência de um novo primeiro-ministro no início, que também surgiu dele. Como resultado, o terceiro ato se desenvolve de maneira brusca, já que ignora por completo a função destas pessoas na história.
Por outro lado, o diretor de Orgulho e Preconceito (2005) e Desejo e Reparação (2007), Joe Wright consegue fazer um trabalho bastante competente, mesmo com um roteiro falho. As transições de uma cena para outra e os raccords realizados dramatizam maravilhosamente a corrida contra o tempo e o aumento gradual das frustrações do protagonista. Da mesma maneira a fotografia de Bruno Delbonnel consegue captar muito bem os ambientes obscuros e claustrofóbicos, nos quais muitas vezes vemos Churchill isolado em meio à escuridão ou então ressaltando os espaços estreitos por quais ele passa.
No entanto, é evidente a grandiosidade com a qual Wright buscou desenvolver essa história e o quanto ele apostou em uma grande e sensacional performance de seu ator principal, mas parece que o cineasta se preocupou muito mais em ser relevante do que contar efetivamente uma história satisfatória de uma figura emblemática.