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Crítica O Imperador: nem tudo é ruim

O Imperador

Produção com ares épicos traz na linha de frente Nicolas Cage e Hayden Cristensen em atuações medianas; filme todo é mediano

Por Luis Fernando Pereira

Quando lemos a sinopse de O Imperador, filme que estreou na última quinta-feira nos cinemas brasileiros, logo nos vem em mente ambientações grandiosas, bem produzidas, um figurino que se destaca (afinal de contas a trama é ambientada séculos atrás) e toda uma atmosfera épica, já que a história trabalha com guerras, clãs, impérios e tudo o mais. Se ao menos 50 % do que foi descrito realmente estivesse no filme, o resultado final seria bastante satisfatório. Porém não é o caso.

No filme, Hayden Christensen interpreta um guerreiro que deve ajudar os herdeiros do imperador a reaver o trono na China Medieval. Para isso, ele deverá superar seus próprios demônios e conseguir o apoio do lendário guerreiro Gallain (Nicolas Cage) conhecido como Fantasma Branco.

Porém, antes da história principal ter início, vemos num preâmbulo o porquê dos personagens de Hayden e Cage não se bicarem durante a trama. Jacob (Hayden Christensen), discípulo de Gallain (Cage) passou a demonstrar um senso de justiça diferente do pregado por Gallain, que vai de acordo a princípios morais mais definidos. Esta diferença de pensamentos transformou-os em estranhos um para o outro.

A partir daí o roteiro viaja (literalmente) para o oriente (China Medieval) e é lá que conhecemos o plot principal de O Imperador. E será lá que Jacob terá a sua chance de redenção.

Toda a segunda parte se passa com Jacob guiando os filhos do antigo Imperador (assassinado pelo filho mais velho), tentando salvar, tanto o caçula (futuro Imperador) quanto a filha mulher (por quem obviamente irá se apaixonar). Em suma, é a história do guerreiro que, numa estrada rumo à redenção, está a defender dois inocentes dos males do mundo.

O Imperador

E esta parte é até interessante, com sequências (um tanto surreais) de lutas, onde nos deparamos com um Jacob quase invencível, mesmo lutando com vinte soldados inimigos, e sequências mais dramáticas, que apresentam e aprofundam um pouco as histórias dos três personagens. E o destaque acaba ficando com o vício de Jacob pelo ópio, droga muito popular no oriente.

Neste momento fica visível o primeiro elemento técnico escolhido pelo diretor, Nick Powell: a câmera tremida que reproduz a visão de um drogado. Já vimos esta ferramenta ser usada em dezenas de filmes e vídeo clipes (assistam ao clipe Like a Rolling Stone, dos Stones).

Na parte final, já com a entrada do personagem de Cage em definitivo, o filme parte para o seu desfecho, e ai as coisas acabam degringolando um pouco. Primeiro porque o personagem de Cage, o seu figurino, suas características e sua horrível peruca, mais atrapalham do que ajudam na trama. O drama envolvendo sua esposa é tão mal contado que não proporciona efeito algum em quem assiste. Sua expressões faciais, sempre caricaturais, e suas falas, genéricas e simplistas, me faz pensar de sua real utilidade na história.

Já Hayden Christensen se esforça um pouco mais, talvez por saber que o filme é seu, é responsabilidade sua fazer o projeto andar. Mas ainda assim, mesmo com os esforços, seu personagem acaba sendo um retalho de muitos outros que já vimos e mesmo o seu drama por conta do seu vício em ópio não é suficiente para tornar a história muito atraente.

O Imperador possui uma série de incômodos, defeitos mesmos. Porém, a história, ambientada séculos atrás, e tendo guerreiros, vingança, questões morais e busca pela redenção, até que pode divertir o espectador mais descompromissado, principalmente pela sua edição dinâmica, que não deixa a trama perder o pique. Ou seja, ao menos sonolento ele não é.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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