Crítica

Crítica “O Milagre da Cela 7”: linda história que te faz chorar

O Milagre da Cela 7

O Milagre da Cela 7 é mais um grande sucesso da Netflix neste período de quarentena mundial; filme é belo, e com garotinha muito talentosa

Filmes sobre relação entre pai e filho sempre, ou quase sempre, caminham em direção a sentimentos fortes de emoção, alegria e tristeza, tudo ao mesmo tempo. Há ainda as peculiaridades dentro deste universo, e uma destas se dá na relação de pais com necessidades especiais e filhos. O exemplo que mais se destaca na multidão é I Am Sam, “Uma História de Amor”, uma lindeza de filme estrelado por Sean Penn e Dakota Fanning. Nele, um pai com problemas mentais toma conta da filha, que ao chegar aos 7 anos percebe que tem a mesma capacidade de entendimento do pai.

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Sim, o novo fenômeno da Netflix, “O Milagre da Cela 7”, navega por estes mares, mesmo que o ponto de partida seja outro, bem diferente até. O filme tem um início a lá Titanic, com uma mulher se vestindo assistindo televisão, quando notícias sobre a Turquia são apresentadas, então voltamos a muitos anos antes, e somos apresentadas a uma linda garotinha e seu pai, com aparentes problemas mentais. Esta relação é de uma química, de uma harmonia gigante, e não se iluda: esta relação é mais do que suficiente para você chorar horrores durante o filme.

E por que isso? Bem, não é difícil de nos vermos em relações assim, com nossos pais, ou imaginando alguém que gostamos vivendo tal situação. Antes mesmo da cena que faz o filme andar, o espectador já está lá torcendo para aquele pai e aquela menina. Este poder que um roteiro, e boas atuações, possuem, dão vida ao cinema.

Outro elemento que nos faz criar uma empatia gigante com o protagonista se dá justamente no momento crucial do filme. Aqui sabemos desde o início que ele é inocente, não existe pegadinha, e nem um suspense com relação a isso. Este fato é interessante pois a criação da empatia se dá de forma completa e integral.

Mas antes de continua, vamos a sinopse, para caso alguém aqui ainda não tenha visto ao filme: Separado de sua filha por ser acusado de um crime que não cometeu, um homem com deficiência intelectual precisa provar sua inocência ao ser preso pela morte da filha de um comandante. Ele passa a contar com a ajuda de seus companheiros de cela e de quem também está do outro lado das grades.

O Milagre da Cela 7

A prisão

O segundo ato de “O Milagre da Cela 7” se dá já na prisão. Lá temos dois momentos chaves, sendo que o primeiro é aquele de aversão a um preso acusado de matar uma criança. Este crime, horrendo, chega a ser colocado como pecado entre os próprios criminosos em prisões mundo afora. Memo (Aras Bulut İynemli), sofre na pele logo nos primeiros dias com o ódio de seus companheiros de cela, a famosa cela 7.

Porém, com o passar do tempo os presos percebem que ali temos um rapaz com problemas mentais, que deveria estar em uma clinica psiquiatra e não numa prisão normal. É neste momento que Memo acaba salvando o líder da cela, que tão logo passa a lhe dever a vida, e a buscar entender a sua história.

O filme entra então no terceiro momento, o mais emocionante. Por conta desta relação linda entre Memo e Ova (a estrela mirim Nisa Sofiya Aksongur) os presos acabam também transformando suas vidas e suas relações com filhos, ou pais. Este momento transformador é de uma beleza bem grande.

Assim somos levados ao momento catártico, que num primeiro momento nos faz desacreditar do próprio título do filme (em português). Afinal de contas, que milagre seria este? Será que a história seria mais parecida com o também belíssimo “A Espera de Um Milagre”, obra prima estrelada por Tom Hanks e que trabalha elementos parecidos?

Não, evidente que há uma reviravolta, que impressiona porque ela vai se desenvolvendo durante o filme, quando vemos a câmera dar destaque demais à um personagem largado no canto, um senhor com um sentimento de culpa tão grande que não há mais vontade de viver. Ele matara a filha, e vê nesta garota algo que vai impressionar quem pegar os detalhes do filme.

“O Milagre da Cela 7” não traz um roteiro inovador, até porque não precisa. O filme se sustenta por atuações lindas da dupla de protagonistas, e um elenco de apoio bem diverso e talentoso. Há alguns clichês que servem para o público chorar, mas o cinema é isso, quando você consegue de maneira integral, há de se bater palmas.

Um filme lindo, para chorar. Com alguns erros, e absurdos, porque o cinema sem o absurdo perde um pouco de vida.

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