Dirigido por Eli Roth. Roteirizado por Eric Kripke. Baseado no livro homônimo por John Bellairs. Elenco: Jack Black, Cate Blanchett, Owen Vaccaro, Renée Elise Goldsberry, Sunny Suljic, Kyle MacLachlan, Colleen Camp, Lorenza Izzo, Vanessa Anne Williams
O Mistério do Relógio na Parede possui uma grande conexão e influência em relação à franquia de Harry Potter desde o início de sua trama. Ela envolve, essencialmente, a trajetória do menino Lewis (Vaccaro), que acaba de se tornar órfão de seus pais e, por conseguinte, se muda para outra cidade para morar com o seu tio e novo tutor Jonathan (Black), o qual por sua vez sempre se encontra na companhia de uma antiga amiga, Florence Zimmerman (Blanchett).
A diferença entre este longa e o sucesso de J. K Rowlling é que, aqui, a família é super acolhedora e amável, até o ponto do tio negligenciar parte da responsabilidade parental que lhe incumbe, dando ao protagonista nada além de biscoitos, pipoca e ovomaltine. Neste sentido, o design de produção remete à típica casa assustadora por fora, mas que contém grandes magias e fantasias por dentro. Não é à toa, pois, que a fotografia incorpora essa sensação, por vezes projetando em tons cinzas o exterior do imóvel, o que contrasta com os tons quentes de seu interior. Este efeito transparece, inclusive, a perspectiva do próprio Lewis, cuja inocência se revela essencial para a narrativa, já que, como ele, o espectador entra em um mundo completamente desconhecido.
Roth também faz algumas escolhas interessantes e mostra habilidade quando sobrepõe imagens diegéticas com imagens documentais quando, por exemplo, Isaac lembra suas experiências na guerra. Porém, o melhor aspecto desse filme certamente é Florence, cujo trabalho feito por Blanchett é excepcional neste filme e faz toda a diferença. Vestida em tons que variam entre o roxo e o rosa, as cores incorporam o jeito e os maneirismos realizados pela atriz meticulosamente, demonstrando, assim, uma pessoa carinhosa, mas rígida e severa que traduz em um passado difícil e com cicatrizes ainda recentes. O mesmo podemos aplicar a Jonathan, não sendo coincidência que a demonstração de afeto entre ambos personagens seja feita através de xingamentos e apelidos enfadonhos… Leia a crítica completa