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Crítica Policia Federal – A Lei é Para Todos | Tema relevante

Policia Federal – A Lei é Para Todos

Policia Federal – A Lei é Para Todos traz um roteiro que peca por vezes na falta de profundidade de seus personagens, mas ainda assim compensa pelo tema proposto

Policia Federal – A Lei é Para Todos foi lançado fim do ano passado nos cinemas do Brasil. O tema, dos mais emblemáticos e relevantes da história recente do país, merecia todo o cuidado necessário para que um filme com este propósito não acabasse sendo contra produtivo.

O resultado é um misto de sentimentos. A temática está lá, relevante como nunca. A abordagem é por vezes questionável, o que acaba criando, por vezes a ideia de que o filme é um projeto panfletário de pessoas de um lado desta história toda. As atuações, estas sim podemos falar com tranquilidade que são rasas, o que não é de se estranhar, até porque o filme não é uma trama de personagens, mas sim de cenas e fatos.

Antes de continuarmos, vamos entender o contexto de tudo isso.

Lava Jato

2013. Durante a realização da Operação Bidone, a Polícia Federal apreende no interior um caminhão carregado de palmito, que trazia escondido 697 kg de cocaína. A investigação recai na equipe montada por Ivan Romano (Antonio Calloni), sedida em Curitiba e composta também por Beatriz (Flávia Alessandra), Júlio (Bruce Gomlevsky) e Ítalo (Rainer Cadete).

As conexões do tráfico os levam ao doleiro Alberto Youssef (Roberto Birindelli) e, posteriormente, ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (Roney Facchini), que revela uma imensa estrutura envolvendo construtoras e o governo, de forma a desviar dinheiro público. À medida que a investigação avança, o grupo liderado por Ivan se aproxima cada vez mais de alguns dos políticos mais influentes do país.

O filme conta a história sob o ângulo da Polícia Federal e da Justiça do Paraná, representado pela figura de Sérgio Moro. Em tese, não haveria problema algum em contar uma história sob uma perspectiva somente. O problema é que o tema em questão é intricado demais para nos ater de forma tão simplista a um viés somente.

Isso significa o que, no filme? Não muita coisa, afinal de contas fica difícil defendermos um grupo de políticos e afins (doleiros, etc.) que acabaram se atacando uns aos outros, no maior escândalo de corrupção da nossa história, e no maior processo de delação premiada também. O problema maior é que, ao transformar uma parte somente deste escândalo em demônio, o filme acaba, sem querer, ou querendo, tomando parte nesta gigante batalha social que o país vive, entre os ‘mortadelas’ e os ‘coxinhas’.

Assim, Policia Federal – A Lei é Para Todos acaba sendo claramente um filme para ser usado como cabeceira pelos adoradores de Bolsonaro ou até mesmo de partidos como o PSDB. Não que o filme tenha este propósito, até porque ele tenta por vezes se colocar imparcial, tentando fisgar o espectador para os dilemas dos personagens.

E ai nos deparamos com o real problema do filme: um roteiro que desenvolve de forma rasa os personagens, e por isso não dá para ter empatia por nenhum deles. Claro que a proposta pode não ser esta, mas fazer um filme sem construir um ela que ligue os personagens com quem assiste é um tiro no pé.

Ivan Romano (Antonio Calloni), Beatriz (Flávia Alessandra), Júlio (Bruce Gomlevsky),  Ítalo (Rainer Cadete) e todos os outros fazem um trabalho raso, sem profundidade alguma, e com, por vezes. Frases de efeito típicos de roteiro ruim que quer deixar alguma mensagem.

Se as atuações são ruins, o roteiro é falho e a abordagem é questionável, podemos dizer que Policia Federal – A Lei é Para Todos ao menos acerta em trabalhar um tema relevante, que de fato traz algo útil para o espectador enquanto agente social.

Enquanto a maior parte dos projetos trabalham com aquela comédia de fácil riso, Policia Federal – A Lei é Para Todos tenta contribuir e criar um documento histórico que nos fará entender um pouco, só um pouco, o contexto por detrás de uma dos maiores escândalos de corrupção de nossa história.

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