Baseado em uma história verídica, a comédia da New Line Cinema Te Peguei! mostra até que ponto algumas pessoas são capazes de chegar para vencer
Se você estiver de bom humor, ou tiver uma relação bem íntima com a psicologia ou antropologia, certamente verá utilidade em um dos filmes que estreia esta semana, o insosso “Te Peguei”. Isto porque o filme parte de um acontecimento real que externaliza o sentimento de competitividade latente no homem contemporâneo.
Em todos os outros casos o sentimento mais comum para quem for assistir ao filme será o de irritação, por passar mais de 1 hora e meia vendo uma série de cenas bobas, sem sentido e sobre o nada, numa mistura mal sucedida de Seinfeld, que um dia previu que dava para poder fazer um show sobre o nada, com filmes do estilo “Se beber, não Case”, que tem no seu primeiro uma quase obra-prima da comédia nonsense.
Entenda o filme: todos os anos, desde a primeira série, cinco amigos extremamente competitivos se envolvem, durante um mês, em um jogo insano de pega-pega em que vale tudo – arriscando suas vidas, empregos e relacionamentos para derrotar uns aos outros com o grito de guerra: “Te peguei!”. Este ano, o jogo coincide com o casamento do único jogador invicto, o que finalmente deveria torná-lo um alvo fácil. Contudo, ele sabe que seus amigos estão vindo… e está preparado.
O curioso é que de fato o filme no papel pode ser considerado um interesse projeto antropológico, que uniria humor, bastante humor, com essa vibe de análise do ser humano, que acredito ter sido a abordagem do artigo no jornal Wall Street Journal intitulado “It Takes Planning, Caution to Avoid Being It”, de Russell Adams.
O problema é que na prática as coisas não funcionam, e em filmes de comédia a questão é muito simples: vai te fazer rir? Tem potencial para te fazer rir? Tem algum elemento que te faça rir? Se a resposta for sim em ao menos uma destas perguntas então há chances dele ser bem sucedido. E em “Te Peguei” acredito ser difícil termos um sim.
Evidente que o fato de sermos brasileiros, e não estramos familiarizados com esta cultura, que é tipicamente americana, afeta o nosso juízo. Os americanos criam costumes bem próprios, nascidos lá na High School e que sobrevive mesmo quando os adolescentes não são mais tão jovens.
O interessante é que em muitos casos eles mesmos notam, e “Te Peguei” ao menos deixa isso transparecer com os personagens mais ao final do filme, quando inclusive vemos uma explicação mais plausível para aquele ‘te peguei’ ser especial. Essa parte, que era para ser tocante e um grande trunfo, acaba se perdendo pela falta de dramaticidade mínima exigida.
O elenco é grandioso, saído das séries de televisão americana, e com o oscarizado Jeremy Renner no papel principal. Temos Ed Helms, que representa mais diretamente a vibe Se Beber, Não Case!, afinal ele foi um dos protagonistas da séries de filmes; Jake Johnson (New Girl), Isla Fisher (Truque de Mestre), Rashida Jones (Parks and Recreation), Jon Hamm (Mad Men) e Jeremy Renner.
“Te Peguei” chega aos cinemas esta semana com a proposta de (caso você seja um rapaz ou uma mulher de seus 30, 40 anos) deixar a criança florescer em você. A proposta da competitividade tenta se sobressair, mas acaba sendo rasa pela falta de qualquer arco dramático, exceto aquele lá do fim. Um filme para se ver sem expectativa.