Terremoto A Falha de San Andreas
Cinema catástrofe retorna às telonas com um filme que não carrega nada de novo, mas que pode divertir por conta das cenas de ação e de catástrofe
Conseguir uma premissa interessante e original para produzir uma história sobre catástrofe natural é missão das mais difíceis no cinema atual, e é exatamente por isso que não devemos ser tão cruéis com filmes como Terremoto – A falha de San Andreas, que leva aos cinemas brasileiros mais uma trama sobre a destruição de uma cidade por conta de um terremoto.
E devemos relevar um pouco seus problemas porque a produção, dirigida pelo cineasta Brad Peyton, apresenta ao público exatamente o que promete: boas cenas de ação, um drama um tanto superficial e muita diversão encabeçada pelo ator carismático Dwayne Johnson, o The Rock. Nada mais que isso.
O filme tem uma história simples: um terremoto atinge a Califórnia e faz com que Ray (Dwayne Johnson), um bombeiro especializado em resgates com helicópteros, tenha que percorrer o estado ao lado da ex-esposa (Carla Gugino) para resgatar a sua filha Blake (Alexandra Daddario), que busca sobreviver em São Francisco com a ajuda de dois jovens irmãos.
Logo na primeira sequência, quando vemos Ray em ação no resgate de uma motorista que acabara de se acidentar, sabemos quem é exatamente o protagonista da história: uma figura emblemática, com ares de herói, já tendo salvado pessoas em guerras, que fala pouco e possui problemas familiares. O roteiro joga isso logo na cara do espectador para que ele perceba que está diante de uma espécie de jornada do herói, com Ray tendo que passar por todos os obstáculos (profissionais e familiares) para que enfim chegue à algum lugar mais feliz.
Depois disso, a trama apresenta o grande vilão dos filmes catástrofes: a ‘natureza’. No caso aqui, a chamada falha de San Andreas, um acidente geológico com poder para destruir uma cidade inteira. Quando o terremoto chega e passa a destruir tudo, vemos que o roteiro não fará de Ray um salvador de vidas, um exemplo para a profissão. Ray abraçara a única e exclusiva missão de resgatar a filha, a belíssima Alexandra Daddario, que está isolada em outra cidade.
Assim, temos uma perspectiva de cinema de ação, com cenas grandiosas e de certa forma amedrontadoras (sempre fazemos um exercício de imaginação quando vemos algo do tipo) e de história dramática, com um pai em busca da salvação da filha e prestes a se separar da esposa. Ray está neste embate pessoal, com seus dramas para superar, e ao mesmo tempo seu trabalho como bombeiro exige sua presença na cidade.
E se as cenas de ação até são divertidas, bem conduzidas e vistas no 3D ainda mais interessantes, a trama dramática acaba sendo o ponto fraco da trama, simplesmente por não possuir uma boa história, não possuir bons diálogos e não apresentar boas atuações. Óbvio que exigir de Dwayne Johnson uma atuação com ares dramáticos convincentes é querer demais de um ator bastante limitado, que possui no gênero ação/aventura seu ponto forte.
De resto, seu drama com a esposa e a filha só foram criadas na história para dar algum sentido às suas tentativas de salvá-las do terremoto. Carlton Cuse (o eterno roteirista de Lost) não foi feliz na condução da narrativa, recheada de clichês do gênero, alguns realmente indispensáveis, mas outros que poderiam muito bem ter ficado de fora.
Terremoto – A falha de San Andreas é diversão com muita ação e adrenalina. Com cenas de tirar o fôlego, nos faz lembrar muitos outros filmes sobre destruição e sobre catástrofes naturais (Twister, O Impossível, O Dia depois de Amanhã e Impacto Profundo). Sem ser original, e sem desejar ser, o filme agrada o menos exigente dos espectadores. Tecnicamente frágil, dramaticamente defeituoso, o filme chegou aos cinemas como mais do mesmo. É Hollywood sendo Hollywood.