Ayrton Montarroyos – The Voice Brasil
Quarta temporada do reality show da Rede Globo perdeu relevância ao longo da temporada, mas alguns dos finalistas podem reverter a situação
Por Luis Fernando Pereira
Medíocre = de qualidade média, comum; mediano, modesto, pequeno.
Sem entrar no campo da ofensa, não há como não pensar nesta palavra para definir algumas das apresentações dos finalistas do reality The Voice Brasil, que conheceu na noite desta última quinta-feira os seus quatro candidatos ao título desta temporada.
E isso aconteceu por dois motivos especiais: o The Voice americano e o The X Factor inglês. Esses dois realitys tiveram as suas finais exibidas nesta semana pela televisão brasileira e os dois vencedores foram estes aqui:
A realidade do programa brasileiro é outra, sabemos disso, mas quando a maioria dos cantores do The Voice Brasil só canta em inglês, abre-se uma brecha para compararmos com os programas de língua inglesa. E o resultado é um abismo que separa nossos cantores dos deles. Não que os nossos não sejam talentosos, mas parecem que eles querem somente copiar o que é feito lá fora.
E é por isso que o candidato que define esta quarta temporada do The Voice Brasil é Ayrton Montarroyos, do time de Lulu Santos. Dificilmente ele irá vencer, mas definitivamente foi quem mais representou a ideia de um The Voice Brasil com a nossa cara.
Que me perdoe Renato Vianna e Nikki, mas se eles estivessem nas versões inglesas ou americanas do mesmo programa, seriam candidatos apenas medianos e dificilmente passariam da fase inicial (lembrem do Sam Alves). O que eles fazem aqui qualquer garoto ou garota de 15 anos faz com a maior tranquilidade por lá.
E a moral da história de tudo isso é:
Quando soamos original e honesto, o resultado é brilhante, lindo de assistir. É por isso que é muito bonito ver uma apresentação do Ayrton; única, bela, e capaz de emocionar qualquer um.
Renato Vianna canta Queen no The Voice Brasil
Já os outros dois (Renato e Nikki), foram bem, cantaram bem, possuem boas vozes e grande potencial, mas ai a gente lembra alguma outra versão desta música que eles cantaram, e que já foi apresentada por alguma menina de 15 anos com tremenda maestria. A gente compara e logo a versão dos brasileiros perde força.
Ai você me pergunta: então o Junior Lord, que só cantou em português, merece estar na final?
No caso do Júnior, o que lhe falta (ainda) são técnicas vocais, apresentações marcantes e acentuação do talento, que ele tem. Ele é um menino, provavelmente vai crescer com o tempo e com trabalho; adquirindo experiência e sendo original, ele pode conseguir algum lugar interessante na música pop MPB brasileira. Mas ele na final é uma afronta ao bom gosto e ao significado de termo The Voice.
Só que esse é um problema bem comum em programas que abrem as decisões finais para o público. Isso não acontece somente aqui, mas o fato de acontecer aqui nos tira a credibilidade de criticarmos os outros. Junior Lord é um cantor mediano, que em uma situação normal, teria perdido para 90% de seus companheiros de equipe.
Mas vencer o The Voice Brasil não significa ser o melhor, mas sim o mais popular, e por isso corremos o risco de ver um cantor ainda mediano – para não dizer medíocre – sagrando-se campeão da temporada.
Resumindo
Torcida para Ayrton;
Renato e Nikki, grandes talentos, mas cantem em português, por favor. Ao menos umas canções.
Junior Lord: tem que comer muito feijão ainda para ser considerado um artista.
E nem falamos de Claudia Leitte.
Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site