Crítica

Crítica The Voice Brasil: alguém se interessa em saber qual é o melhor time?

Matteus Brunetti

Último programa da fase inicial foi ao ar semana passada e o saldo não é nenhum pouco positivo; esperança é que as coisas melhorem a partir de agora

Por Luis Fernando Pereira

A resposta é não. Poucas, acredito, são as pessoas que acompanham o The Voice Brasil que realmente se importam com a relação desenvolvida entre candidato x técnico. Isso porque não existe vínculo nenhum entre eles, não existe disputa entre os técnicos para ficar com aquele bom candidato, não existe briga (no bom sentido), não existe nada. Cabe ao candidato escolher – na maioria das vezes aleatoriamente – este ou aquele técnico.

O programa da semana passada, dia 29 de outubro, evidenciou isto novamente, em duas situações. Vejam bem, foram duas situações vexatórias num mesmo episódio.

Calouros
A primeira delas, logo na abertura do programa, um candidato, é bem interessante para sabermos como os inscritos de fato vêem o The Voice Brasil. Coube ao paulista Matteus Brunetti, ótima voz, por sinal, sentenciar categoricamente que estava ali em um programa de calouros. Ao falar isso, o candidato não estava nem tanto desmerecendo a sua função no programa, mas sim estava constatando o óbvio.

Em um programa de calouros temos jurados. No The Voice Brasil também temos jurados. No dia em que o programa tiver técnicos, ele deixará de ser um show de calouros.

Grosseria?
A segunda situação foi um tanto constrangedora, e Claudia Leitte, simpática que só, não merecia isso. Mas o fato é que, quando o candidato Rafael Dias cortou a cantora e foi logo se pronunciando, dizendo que ficaria com Lulu Santos, ele estava encurtando o momento mais vergonha alheia do programa, que é o momento em que os ‘técnicos’ ficam falando as mais diversas bobagens, argumentos sem relevância alguma, e brincadeiras das mais sem graças.

Ele não tem culpa disto e quis acabar logo com aquele festival de horrores. No dia em que Claudia, Lulu, Carlinhos e Michel levarem mais a sério este momento, o resultado será outro, e o programa ficará tão mais prazeroso de se ver.

The Voice Brasil

Audições às cegas
Semana passada teve também o último dia de audições às cegas e após o seu fim, ficou a constatação de que a quantidade de bons candidatos diminuiu se comparado com as primeiras temporadas. Nada que não possa ser revertido a partir de agora, quando entram em cena os assistentes dos ‘técnicos’.

Alexandre Pires, Luiza Possi, Rogério Flausino e Di Ferrero se juntam a Claudia, Michel, Carlinhos Brown e Lulu, respectivamente, prometendo melhorar e muito a qualidade do programa. Isso porque aqui no Brasil é função deles se importar com os candidatos, dar dicas e fazer com que os pareamentos sejam interessantes para o público e para eles.

Neste sentido Luiza e Rogério são adições fundamentais ao programa, e cá entre nós, mereciam tranquilamente uma vaga na bancada de técnicos principais. Di Ferrero, mesmo sem tanta experiência, e com técnicas mais limitadas, consegue ser, na televisão, muito mais produtivo que nomes como Carlinhos Brown e Daniel (quando este ainda estava no programa).

Já Alexandre Pires estreia no cargo, e as expectativas são grandes, pois o cantor, astro internacional, possui bagagem para levar tranquilamente o programa e dar conselhos dos melhores aos candidatos.

Batalhas
A partir de agora o programa entra na melhor das fases, que são as batalhas entre os candidatos. O nível, por conta disto, deve melhorar, afinal de contas, o The Voice Brasil é um bom reality show e a sua proposta ainda é muito interessante. A produção da Rede Globo, mesmo preguiçosa ao extremo, ainda é boa o suficiente para entregar episódios dignos de satisfação dos espectadores.

Divisão das equipes

Fica, entretanto, o gosto não tão doce, para o fato de não podermos analisar as equipes, como fazemos com todos os outros The Voice pelo mundo. Aqui não dá para fazer isto, pois não existe vínculo algum de técnico e candidato, e a qualquer momento algum bom nome vai deixar o time da Claudia Leitte e sem saber o porquê Michel Teló vai roubá-lo e sem vontade alguma este candidato vai para a sua nova equipe. E assim vamos seguindo até sobrar somente um.

Esperemos que este que sobre seja alguém do quilate de Ellen Oléria, porque se isto acontecer, tudo terá valido a pena.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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