Música

Crítica The Voice Brasil audições às cegas: vamos falar de Claudia Leitte

Claudia Leitte

Programa se aproxima do final da primeira fase e até agora não surgiu um grande favorito ao título desta edição

Por Luis Fernando Pereira

Podemos considerar somente uma coincidência, mas Claudia Leitte ganha o devido destaque aqui na mesma semana em que Ivete Sangalo é confirmada como uma das técnicas da versão mirim do The Voice Brasil. As duas, que são vítimas de comparações quase que diariamente, enfim poderão ser analisadas dentro de um mesmo contexto televisivo, já que o Superstar, antigo programa de Ivete, é levemente parecido com o The Voice, porém com mais diferenças que semelhanças.

As duas são popstars, carismáticas e espontâneas, características fundamentais para este tipo de trabalho. Entretanto, ambas sofrem com o mesmo problema. Ivete já passou por isso no Superstar e Claudia vem passando, em menor grau, no The Voice Brasil. Falta-lhes um olhar mais técnico e menos passional. Chega a ser frustrante vermos Claudia Leitte (bem como Ivete) exaltando todos os candidatos indiscriminadamente. O cantor (não tendo virado cadeira alguma, ou tendo virado quatro cadeiras) certamente será exaltado por Claudia.

É interessante, até necessário, para quem assiste ao programa ouvir da boca de grandes nomes de nossa música como Claudia Leitte as qualidades vocais (ou possíveis defeitos) que cada candidato apresenta. É um exercício didático bastante válido. Mas o que vem acontecendo até aqui é um festival de elogios frágeis, encenados e difíceis de entender, pois percebam que muitos candidatos rejeitados são até mais ovacionados que outros que viraram as quatro cadeiras. Fica nítida então a incoerência dela (e de todos os outros técnicos) pelo simples fato de não querer magoar sentimentos.

Entendendo o programa
Claudia Leitte segue entendendo a estrutura do programa como nenhum outro técnico, seja do The Voice, seja do Superstar alguma vez entendeu. Isto se deve provavelmente ao ar de antenada com a música (e a cultura) pop que Claudia possui em um nível infinitamente acima dos outros. Ela certamente conhece todas as versões do programa, e sabe captar o que de melhor essas versões oferecem. Ainda lhe falta uma vibe mais competitiva, que faria o The Voice Brasil ser mais prazeroso, engraçado e interessante de se assistir.

Mas não depende somente dela. Depende dos outros três e até mesmo de Thiago Leifert. E ai está o problema: Carlinhos Brown segue extremamente chato em suas falas, apesar de ser o que mais entende de música, isso é perceptível. Lulu Santos tem um carisma que só se externaliza quando ele canta. Quando fala, fica anulada. E Michel Teló, que vem fazendo um papel melhor que o de Daniel, ainda precisa de tempo para melhorar.

A questão é: se tivéssemos que refazer a bancada do programa, e somente um deles pudesse continuar, não há a mínima dúvida de que o único nome interessante para permanecer seria o de Claudia Leitte. E o episódio passado é uma prova disto. Bons argumentos, alguns deslizes e um desfecho digno de qualquer grande artista pop, numa apresentação muita bonita e emocional.

Jonnata Lima

O episódio
O episódio continuou externalizando os problemas do programa. É impossível entender como uma artista como Cobra (nome estranho) não tem uma (1) cadeira ao menos virada. Voz única, diferenciada, um tom que chama atenção, canção bem conduzida, e ainda assim nenhum dos quatro virou. Entretanto Carlinhos Brown novamente virou a sua cadeira para uma série de candidatos com potencial, mas que erraram e muito em suas apresentações. Por nervosismo ou não, o fato é que cantores como Junior Lord ou Júlia Rocha tiveram perfomances muito fracas, e bem abaixo da de Cobra, por exemplo. Mas eles tiveram Brown para salvá-los.

Em contrapartida, tivemos o candidato Jonnata Lima, do Rio de Janeiro, que desponta como um ótimo nome desta edição. Ele ainda não possui aquele ar de finalista, mas como até agora não surgiu nenhum grande favorito, podemos ver nele uma possibilidade para a final.

Já a candidata que fechou o episódio, Vanessa Macedo, é outro caso de nervosismo que atrapalhou a sua apresentação, que foi fraca e não merecia ser a audição final de um episódio do The Voice Brasil. É incrível como falta esta sensibilidade de quem faz a montagem do programa. Deve-se escolher a melhor audição, ou a melhor história, para fechar o programa, e não um candidato ou uma audição qualquer. Isso é o básico, todo e qualquer editor deveria saber disto. Apesar de uma apresentação fraca e com bastante nervosismo, Claudia Leitte virou a sua cadeira. Pena que não virou para Cobra.

São as incoerências de um programa que segue frágil, mas que ao menos melhorou, se comparado aos primeiros episódios.

O The Voice termina nesta quinta-feira a fase de audições às cegas e espera-se que agora ele deslanche.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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