Crítica

Crítica: The Voice Brasil estreia com nova tentativa de emplacar uma estrela

The Voice Brasil

Nova temporada, agora com Ivete Sangalo substituindo Claudia Leitte, nada muda em sua dinâmica, exceto pela esperança de enfim apresentar uma estrela ao país

Semana passada começou mais uma nova temporada da franquia The Voice no Brasil. A versão nacional si inicia com a esperança de enfim apresentar ao país uma estrela, alguém que chegará para fincar raízes no showbiz e não sairá tão cedo. Há de destacar que este mesmo problema viveu, e vive. A versão americana, a mais famosa no mundo.

Quem assiste ao programa dos Estados Unidos sabe da dificuldade da franquia em revelar um sucesso mundial. Tal problema o American Idol nunca teve e trouxe ao mundo nomes de peso como Kelly Clarkson e Jennifer Hudson, só para parar no segundo. São muito mais.

No Brasil ainda não tivemos nada que chegasse próximo, e isso se deve em parte ao funcionamento do reality na grade da Rede Globo. Aqui no país, o programa fica alojado nas quintas, lá pelas 23 horas, bem tarde, e ainda só passa um dia na semana. Para piorar o que já é ruim, o programa tem a sua temporada finalizada normalmente no fim do ano, e ai fica bastante complicado a própria emissora levar o artista vencedor para os mais variados programas da emissora, já que todos estão de férias.

Claro que também existe o problema dos candidatos. Como o foco é somente a voz, ao menos na fase inicial, corre sempre o risco de termos uma linda voz junto com uma pessoa sem brilho, sem aquele X Factor, roubando o termo que dá título a outro reality de famosos, que já revelou ao mundo simplesmente nomes como One Direction. Só isso.

Ou seja, vendo o êxito do X Factor e do American Idol, que está inclusive voltando a programação americana, fica visível que o papel do The Voice, nos Estados Unidos e no Brasil, não é revelar talentos, mas sim apresentar um programa de entretenimento que no final das contas vai agradar o público.

Esse mesmo público vai escolher o candidatos para torcer, mas assim que acabar o programa, ou a jornada de seu candidato preferido, ele mesmo irá esquecer o artista, que só tinha uma linda voz, o que sabemos que é insuficiente para se transformar em estrela.

E aqui entra uma reflexão interessante: o que leva alguém a ser uma estrela? Muitos falam que artistas como Anitta e outras não merecem estar no topo do mercado musical por não possuírem uma voz digna de Elis Regina. Mas o caso é que basta ver um show da funkeira carioca para perceber que ela possui aquele Fator X que estamos tanto falando. E ai, meus amigo, a voz é apensas um belo complemento, o que vale é a personalidade. É o todo. Tal como Renato Russo uma vez falou do fato de ser roqueiro. Ele dizia algo do tipo: “Não preciso saber cantar, eu faço rock”. E é verdade, ele precisava ter inteligência, personalidade e algo mais. Renato teve. Anitta tem.

E por mais diferentes que eles sejam, Renato e Anitta, eles estão no mesmo grupo de artistas que souberam trabalhar suas limitações técnicas vocais e em compensação ofereceram tudo que o público espera de alguém que se chame de artista. É o show que conta. Será que o The Voice algum dia vai revelar alguém que de fato dê show?

Resta esperar e torcer.

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