Equipe completa do The Voice Brasil
Programa cresceu em qualidade e emoção e apresentou o melhor episódio desta temporada até aqui; quarta-feira tem mais
Por Luis Fernando Pereira
Já sabíamos que o The Voice Brasil, que teve um início quase que sofrível, melhoraria a partir da segunda fase do programa. Só não sabíamos ainda o quão melhor ficaria. Por sorte a melhora foi significativa e até mesmo os técnicos merecem elogios desta vez.
As batalhas foram, em sua maioria, muito bem elaboradas e tiveram o acompanhamento necessário dos técnicos em toda a produção. Claro que ainda falta muito para chegarmos a uma situação ideal, porém o fato do programa no Brasil acontecer uma vez por semana somente vai impedir que este ideal aconteça.
Seria importante vermos todas as batalhas sendo construídas, e não algumas somente, como acontece aqui. Isso obviamente acontece por falta de tempo, mas acaba atrapalhando a relação que o público estabelece com o candidato. E também dá a ideia de que não há acompanhamento dos técnicos no desenvolvimento dos cantores, e isso é ruim, pois a essência do The Voice está justamente na ideia de equipe, do técnico e de seu grupo.
Outro incômodo que aconteceu no último programa, o de quinta-feira passada, foi o excesso de canções internacionais, o que chega a ser contraditório, pois já vimos algumas vezes os próprios técnicos censurando candidatos que se apresentaram nas audições às cegas cantando uma música internacional. Desta vez foi por opção deles, e as escolhas foram bem questionáveis, principalmente a linda canção Woman in Chains, uma parceria do Tear for Fears com Oleta Adams.
Qual foi o problema desta escolha?
A canção original é cantada por um homem e uma mulher, e no The Voice Brasil também foi cantado assim, com Marcos Matarazzo e Ana Cigarra. Acontece a ideia da batalha é fazer os mesmos candidatos cantarem as mesmas estrofes, cada um em um momento diferente. Assim, o técnico tem condições de comparar a perfomance de um com a do outro. Em Woman in Chains, isso foi impossível, pois Marcos cantou somente a parte masculina da canção e Ana somente a parte feminina. Um ótimo dueto, mas que não serviu para comparar os dois candidatos.
Pablo no The Voice
Arrocha
O mais interessante foi que numa noite recheada de canções internacionais, uma batalha que se destacou foi a de Matteus e Paulynha Arrais, que cantaram um arrocha, ritmo surgido no nordeste e que ainda nem chegou ao país inteiro. Batalha foi boa e parece que temos já um bom candidato para estar nas finais.
Como já havia adiantado, muito da melhora do programa nas batalhas se deve aos assistentes do The Voice Brasil, que diferente das outras versões, continua sendo os mesmos do ano anterior, exceto por Alexandre Pires, que debuta no reality show.
Alexandre, Luiza Possi, Rogério Flausino e Di Ferrero conseguem acrescentar muito ao programa, sobretudo Luiza e Rogério, dois dos mais interessantes nomes da música pop brasileira, tanto em termos de talento, quanto em termos de expressividade. Os dois possuem credibilidade para dar conselhos para qualquer candidato, e se o candidato for bom, saberá escutar e colocar em prática.
Alexandre ainda está começando, então não temos ainda como analisar mais coerentemente o seu trabalho, e Di, mesmo com as suas derrapadas, consegue ser também uma boa peça no programa.
A edição do The Voice Brasil nas batalhas melhorou também, ficou mais ágil, e, como os técnicos não precisam mais disputar candidatos – o programa ficou muito mais dinâmico e prazeroso, afinal de contas, vê-los disputar candidatos era das coisas mais constrangedoras desta temporada (de todas, para ser bem claro).
Outra ótima batalha ficou por conta de Thaís Moreira e Rebeca Sauwen, duas incríveis vozes que fizeram um ótimo trabalho cantando uma música genuinamente… Internacional. Crazy, uma música datada, mas até que funcionou, muito mais pelo talento das meninas do que pela capacidade de escolher canção do técnico.
Outra boa batalha do The Voice Brasil
Só fica registrado aqui a crítica à produção da Rede Globo, que não disponibiliza as batalhas (não disponibiliza nada, para falar a verdade) no Youtube, e não permite que se compartilhe ou anexe os vídeos de sua plataforma, o Gshow. É mesquinharia demais, e deviam aprender com o original, o americano, que utiliza todas as plataformas possíveis para gerar o máximo de engajamento possível do público.
Poderíamos ficar aqui discutindo apresentação por apresentação, mas o fato de não podermos colocá-las aqui impossibilita isso.
Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site