Música

Crítica The Voice Brasil Top 16: Leandro Buenno, Kim Lírio e Nonô Lellis despontam como favoritos

Equipe Claudia Leitte

Não importa o que cantem, os três já possuem uma base de fãs suficiente para levá-los à final

Por Luis Fernando Pereira

O programa de quinta-feira passada do The Voice Brasil trouxe uma série de questões para serem abordadas e analisadas. Desde a regra que divide entre o público e os técnicos o poder de decisão sobre os escolhidos, passando pelo formato destas fases, que exibe somente as apresentações dos candidatos, sem convidados e nem perfomances especiais dos técnicos, e chegando na relação entre os técnicos e seus pupilos, que aparentemente está longe de ser considerada interessante, ou ideal.

Ademais, o programa de quinta-feira consolidou alguns nomes como favoritos para chegar na grande final da temporada e provou que não basta ter uma grande voz para ser campeão, é preciso já possuir um fã-clube fiel, e se possível, grandioso.

Formato
É interessante observar que a produção brasileira do The Voice continua mantendo o formato original, que divide até o final a responsabilidade de escolha de quem segue adiante no reality. Na versão americana, por exemplo, essa regra deixou de existir há algum tempo e já vimos técnicos que, faltando mais de um mês para terminar a temporada, já não possuía candidato algum, fazendo sua presença ficar bem reduzida. Essa regra só é possível por conta de outra, que restringe a luta para passar de fase aos membros de cada equipe separadamente.

Por um lado, esta escolha peca por favorecer cantores que não estão tão bem no programa, mas estão, por exemplo, em uma equipe mais fraca. Assim, vemos candidatos bem mais fortes e populares sendo eliminados em detrimento de outros, não tão bons. Mas por outro lado, esta decisão equilibra mais a relação de forças entre os técnicos, possibilitando que todos os quatro cheguem à final e consigam vencer o programa. A equipe de Claudia Leitte, por exemplo, teria condições de levar para a final ao menos dois de seus membros caso não houvesse este programa de cotas, pois é, de longe, o time mais forte e preparado.

Kim Lírio

Apresentações
Por mais que as apresentações tenham sido bem produzidas (a equipe cenográfica fez milagre para ambientar cada perfomance com um palco diferente), esta fase do The Voice Brasil fica mais parecendo um show de calouros, porque vemos uma apresentação atrás da outra, sem intervenções dos técnicos e nem participações especiais de cantores ou de outros convidados. Este é o grande efeito colateral de colocar tudo em uma única edição semanal e com menos de 1 hora e meia de duração. É tudo muito corrido e quando o último cantor de uma equipe termina sua apresentação a produção já tem o resultado de quem foi o escolhido do público.

Relação técnico x equipe
Todo este formato apressado acaba prejudicando a relação dos técnicos com seus membros. Não vemos Claudia Leitte, Carlinhos Brown, Daniel e Lulu Santos acompanhando os cantores de sua equipe, conversando, dando conselhos, escolhendo canções, participando dos ensaios… enfim, estabelecendo algum vínculo que faça eles parecerem mesmo um time. No programa de quinta passada vimos Lulu Santos tendo que pegar sua ficha para lembrar o nome dos membros de sua equipe. Pode até ter sido uma brincadeira (o que não acredito), mas é um fato que simboliza bem essa relação que o programa estabeleu entre os técnicos e seus candidatos.

Mas para ‘compensar’ eles ao final de tudo os chamam para tocar em seus ensaios de verão e trios elétricos.

Favoritos
Para terminar, vamos falar um pouco dos cantores desta edição. Já dá pra perceber quem são realmente os populares entre o público. Kim Lírio, Leandro Buenno e Nonô Lellis (correndo por fora Romero Ribeiro e Nise Palhares). Não importa o que eles cantem, se forem bem ou não, os votos já estão garantidos. Por sorte, todos os três, em seus respectivos gêneros, são bons nomes para chegar à final. Mesmo com muitas limitações técnicas, estes três possuem um bom potencial para chegarem em um bom lugar no mercado.

Kim (que fez uma apresentação mediana de A sua maneira) apresenta um pacote completo para um rockstar: atitude, carisma e uma voz adequada, sem firulas e nem muitas técnicas vocais, afinal, para ser um rockstar o imprescindivel é ter estilo, e isso ele tem.

Leandro (que voltou a potencializar sua capacidade de emocionar com a canção Stay) tem todos os elementos para entrar com tudo no mercado pop. Suas escolhas até aqui mostram que dos três favoritos é o que promete apresentar um álbum (futuro) mais criativo e interessante.

Nonô Lellis

E Nonô (que errou feio ao escolher uma canção com uma vibe tão sexy como Crazy in Love) pode se aproveitar do atual mercado pop mundial, que vem sendo basicamente dominado por cantoras adolescentes, ou recém saídas desta fase. Ela é uma fofa, aparenta ser uma inocente e bem simpática garota, e possui um talento que, se lapidado, pode resultar em um ótimo nome para as paradas de música pop brasileira.

Os candidatos mais completos tiveram que ser salvos pelos técnicos: o absurdamente talentoso Lui Medeiros, a poderosa cantora Rose Oliver e a sempre competente Nise Palhares.

Dos outros que ficaram, alguns nomes interessantes, como Joey Mattos e a dupla Danilo Reis e Rafael.

Nesta quinta os 12 que restaram voltam a se apresentar e tanto o público quanto os técnicos escolherão um nome para passar à próxima fase. Assim, o The Voice Brasil vai se preparando para a sua grande final, que promete novamente entregar ao país um artista com bom potencial mercadológico. Este vem sendo, indiscutivelmente, o grande trunfo da versão brasileira, se comparado com os outros The Voices mundo afora.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

Shares: