Música

Crítica X Factor Brasil e até agora o pior time de jurados dos realitys musicais no país

Programa desta segunda reafirmou um vício dos candidatos brasileiros: todos querem cantar em inglês

O programa desta segunda-feira, dia 19 de setembro, reafirmou duas características desta primeira edição do The X Factor Brasil: 1) os candidatos vêm escolhendo quase sempre (e erradamente) canções internacionais e 2) os jurados são superficiais e pouco produtivos na grande maioria das vezes.

O primeiro problema só ajuda o programa a perder qualidade, pois na grande maioria destas canções cantadas em inglês falta o básico dos candidatos: entendimento da letra. Para emocionar ou passar qualquer tipo de sentimento é necessário saber o que a letra original apresenta. Se você não entende, não vai passar nada. Tivemos até bons cantores, que fizeram versões de Etta James, Evanescence e Sia razoáveis para ser bem otimista, mas outros derraparam muito.

O que dizer do candidato que cantou Bob Marley? É uma total falta de noção.

Tivemos o caso peculiar do garoto que cantou uma música do The Calling, a mais famosa e mais saturada da banda. Foi horrível a apresentação, mas era notório que ele possuía uma voz interessante do ponto de vista do mercado musical. E não deu outra: pediram para ele cantar algo em português e o mundo se abriu. Se pudessem colocar a foto deste rapaz na porta de entrada do programa e deixar o aviso “cantem em português”, os fãs do X Factor iriam agradecer enormemente.

Se a escolha musical dos candidatos não anda bem das pernas, os argumentos usados pelos jurados conseguem sobrepor a isso, conseguindo a proeza de serem de longe os mais rasos argumentos usados por um júri em realitys musicais, ao menos até aqui.

E dos quatro jurados, a hierarquia de problemas segue bem clara: na ponta de cima, mostrando ser o único jurado que entende razoavelmente do programa, está Rick Bonadio. Mas a questão é que não se esperava outra coisa de alguém que trabalha produzindo cantores. Se suas opiniões fossem tão rasas quanto a dos outros seria um vexame ainda maior.

Logo depois vem Paulo Miklos, que ganha dos outros dois por falar de forma mais simples. Como ele se arrisca menos, erra menos. Mas no fim das contas 90% de seus argumentos são inúteis e não servem para nada. E para quem observou, mas da metade das vezes o único elemento de sua fala era o nervosismo. “Você está nervoso e isto te atrapalhou”. Deveria proibir o uso desta opinião sozinha.

Di Ferrero não deixa de ser uma decepção, pois ele já tinha experiência no The Voice Brasil, e lá havia sido uma boa surpresa. Porém no X Factor Brasil ele vem provando que ao menos nas palavras iniciais que jurado não é função que ele exerce com maestria. Sua fala resume-se a algo do tipo: “eu não sei”, “estou em dúvida”, e outras coisas similares. É muito frustrante para um candidato ouvir isso de alguém que é uma estrela da música brasileira.

Por fim, no topo oposto da lista se encontra Alinne Rosa. Deve ser estranho demais um bom candidato ser avaliado por Alinne, que nunca se caracterizou por possuir uma boa voz ou por alcançar as notas certas. Ainda assim, mesmo tendo mais problemas vocais que grande parte dos candidatos, Alinne ousa quase sempre falar que tal candidato não alcançou esta nota, ou cantou a nota errada.

De todos os quatro, ela é de longe a que mais precisa evoluir. Precisa ser mais útil ao programa e, sobretudo aos candidatos. Ela, para não ficar a impressão que só criticamos, possui uma carreira interessante e tem o chamado X Factor. Alinne tem uma personalidade peculiar, e por isso chegou onde chegou. Mas precisa evoluir em outra área de sua atual vida profissional. Precisa ser relevante para o programa.

Semana que vem o programa entra em nova fase e será uma ótima oportunidade para eles mostrarem o seu valor. Será também uma ótima oportunidade para os candidatos cantarem mais em português.

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