A Teoria de Tudo
Filme acerta a mão no primeiro ato, mas perde fôlego na segunda parte; Felicity Jones surpreende como Jane Wide, seu primeiro amor
Stephen Hawking é um ser iluminado, disto não temos dúvida alguma. E esta constatação não se deve somente ao seu histórico como astrofísico e cosmólogo, mas, sobretudo ao seu histórico como pessoa, como alguém que venceu todas as probabilidades contrárias que teve durante parte de sua vida.
Mas por detrás de uma personalidade grandiosa e até certo ponto doce, sempre se encontrou uma mulher determinada a fazer de um tudo para aquele que ama. Estamos falando de Jane Wide, o primeiro amor de Hawking, que na pior época de sua vida, lhe deu motivos para continuar lutando, e que hoje se transformou no principal ponto do filme A Teoria de Tudo, uma das estreias dos cinemas na semana passada.
Stephen Hawking é interpretado pelo jovem e bastante talentoso Eddie Redmayne; Jane Wide traz uma Felicity Jones em ótima forma, surpreendendo a todos com uma atuação poderosa e que lhe rendeu justamente uma indicação ao Oscar na categoria de melhor atriz.
A primeira parte do filme, que mostra a entrada de Hawking na Faculdade e o seu primeiro encontro com Jane, é bastante eficiente. Delicado, com uma atmosfera ingênua, a história apresenta duas pessoas destinadas a viverem juntas por um bom tempo. Hawking ama desde esta época a astrofísica e o roteiro faz questão de deixar isto claro. Os primeiros diálogos com Jane unem curiosidades sobre as constelações e o início de um flerte que logo acarretaria em namoro.
Porém logo cedo a história parte para contar o problema que culminou na perda dos movimentos do corpo de Hawking. Neste momento temos uma grande evolução da trama, que inicialmente mostra todo o amor e dedicação de Jane, fazendo do filme uma bela história de amor e superação.
Porém, na segunda parte da história, e digamos assim, na segunda parte da vida de Hawking, o filme perde fôlego, principalmente por inserir dois novos componentes bem importantes na vida dos dois, que viriam a se transformar futuramente nos parceiros deles, de Stephen e de Jane.
Transformar a história que parecia ser somente de Jane e Stephen numa história sobre a separação e sobre o recomeço que ambos tiveram com seus novos amores, foi uma decisão coerente com a adaptação literária, e com a realidade, mas que na trama acabou não funcionando como deveria ter funcionado.
Ainda assim, A Teoria de Tudo é uma ótima oportunidade para se conhecer uma das mentes mais brilhantes do século XX e perceber como o amor, mesmo nas grandes mentes da humanidade, acaba sendo o grande fio condutor para as suas vidas.