Música

Entrevista exclusiva Juliana Ribeiro

Juliana Ribeiro

Confira agora este bate papo com Juliana, que fala, dentre outras coisas, de sua recente viagem a Portugal e de seu encontro com o cineasta americano Spike Lee

Mais uma vez artistas baianos se reunirão no Cine Teatro Solar Boa Vista para homenagear uma das mais relevantes artistas do país, a cantora Clementina de Jesus. A data do encontro é 19 de julho, próxima sexta-feira, quando se completam 26 anos de morte da Rainha Quelé, que tanta fascinação causou pelo timbre da sua voz e presença sempre cativante. Os anfitriões da noite são a cantora e compositora Juliana Ribeiro e o gestor cultural do Teatro Solar Boa Vista, Chico Assis, tendo como banda base o Grupo Botequim.

Para falar um mais sobre esta homenagem, conversamos com uma das anfitriãs, a cantora Juliana Ribeiro.

A cantora, para quem ainda não conhece, é graduada em História e tem formação técnica em Canto Lírico pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além disso, foi aluna especial na UNICAMP, onde começou sua relação com Clementina de Jesus, que culminou em sua dissertação de mestrado em Cultura e Sociedade pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (FACOM-UFBA).

Confira agora este bate papo com Juliana, que fala, dentre outras coisas, de sua recente viagem a Portugal e de seu encontro com o cineasta americano Spike Lee.

Fernando Pereira – Você acabou de voltar de Portugal, fez uma série de apresentações em Lisboa. Queria que falasse um pouco desta viagem e dos shows que realizou por lá.
Juliana Ribeiro – Pois é Fernando, foi uma experiência maravilhosa! Não imaginava que os Portugueses conhecessem tanto a música brasileira!  Levei no repertório as canções do meu primeiro CD Amarelo e mesclei com Baden Powel, Vinícius, Tom Jobim, Chico Buarque, Clementina, Gerônimo, entre outros, e eles cantavam tudo! São fãs da boa música brasileira. Amarelo foi muito bem aceito e super bem vendido e sinto que conseguimos abrir uma porta no mercado  Europa com esta primeira turnê.

FP – Agora, já de volta, você comanda a noite em homenagem a Clementina de Jesus. Como será esta apresentação? Você levará a Mariella Santiago e o Grupo Botequim como convidados…
JR – Entre outros! Chamei o Botequim como banda base e faremos uma grande roda de música com vários artistas. Dia 19/07 completam 26 anos da morte de Quelé, e eu e meu parceiro Chicco Assis não podíamos deixar esta data em branco. Como no ano passado, será uma noite multicultural, onde iniciamos as 20hs com o filme “Rainha Quelé” de Werinton Kermes que vem do Rio especialmente para a ocasião. Depois o Ajeum da Diáspora irá servir os pratos preferidos de Quelé numa releitura atual das comidas de Quilombo, de onde ela é filha. Juntamente com o jantar faremos uma roda musical com ritmos como jongos, curimãs, partidos, sambas e batuques, presentes no repertório de Clementina de Jesus; vai ser lindo! É o mínimo que posso fazer em retribuição a tudo que Clementina já me deu musicalmente…

Encontro com Spike Lee

FP – Desde que conheço seu trabalho, sempre vejo associações com a Clementina, seja nas suas canções, entrevistas, opiniões de fãs, críticos… Como nasceu sua relação com ela?
JR – Nasceu em 2005, na UNICAMP, onde cursava como aluna especial a faculdade de canto popular. Descobri Clementina pesquisando na Fonoteca da UNICAMP e nunca mais a larguei. Uma relação de amor à primeira ouvida. Ela me encantou com seu timbre, variedade do repertório e aquela ancestralidade tão forte que me arrebatou. Para mim, Clementina tem a capacidade de sintetizar 300 anos de história em três minutos de canção e isto me encanta, emociona e me faz sentir viva cada vez que a escuto.

FP – Para terminar, queria que falasse um pouco da experiência de ter sido entrevistada pelo Spike Lee. Acredito que, além da cantora, quem também teve voz nesta conversa foi a historiadora Juliana Ribeiro, não?
JR – Sim certamente. Foi uma surpresa tão grande que acho que a ficha só caiu depois que ele foi embora. Recebi o convite através da Steve Biko e do Prof. Carlos Moore, que apresentou a ele minha pesquisa de mestrado sobre o samba. Ele se encantou e nossa conversa partiu deste ponto. Apresentei a Spike a história da música afro-brasileira desde as senzalas até a atualidade e como o samba tem papel fundamental na construção identitária nacional. Antes de ser gênero musical, o samba é uma manifestação cultural coletiva que ocorre em torno da música comida e bebida agregando a comunidade ao seu redor. A entrevista que era para durar 20 mins, acabou durando 1h e 40 mins. Em 2014 o “Go Go Brasil” estreia no festival de Cannes e pretendo estar lá juntamente com toda equipe que fez o filme acontecer.

SERVIÇO Um Jantar para Clementina Homenagem aos 26 anos de morte de Clementina de Jesus 19 de julho

Cine Teatro Solar Boa Vista – Engenho Velho de Brotas

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