Coluna da jornalista Úrsula Neves sobre tudo que acontece no universo da cultura pop
Entrevista Maytê Piragibe
Maytê Piragibe terá um papel de destaque na novela Terra Prometida, da Rede Record (o folhetim entrará no ar logo após a segunda temporada de Os Dez Mandamentos), onde viverá a sua primeira vilã na TV. Terra Prometida, escrita por Renato Modesto, contará a chegada do povo de Israel em Canaã, depois de sair da escravidão no Egito.
A atriz é um dos principais nomes da dramaturgia da Record, onde já realizou trabalhos importantes em novelas como Vidas Opostas, Mutantes e José do Egito. Atualmente, a atriz interpreta a personagem Guida na peça A Serpente, baseada na obra de Nelson Rodrigues. Em curta temporada, esta é a última semana do espetáculo em cartaz no Teatro Natália Timberg, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O texto desnuda as relações entre dois casais que dividem um mesmo apartamento, expondo intimamente a vida das irmãs Guida e Lígia e de seus maridos (leia a matéria aqui).
A atriz Maytê Piragibe vai interpretar sua primeira vilã na TV na novela A Terra Prometida (Fotos: Divulgação)
Em conversa exclusiva com a Coluna Cultura Pop e Etc., Maytê comenta seu trabalho no espetáculo A Serpente e a sua expectativa de viver a sua primeira vilã na TV na novela A Terra Prometida.
Confira a entrevista:
Coluna Cultura Pop e Etc.: Maytê, você está em cartaz com a peça A Serpente, baseada na obra de Nelson Rodrigues. Como foi o convite para participar desta montagem de estreia da Sala Nathalinha, no Teatro Nathália Timberg?
Maytê Piragibe: Tudo começou com uma leitura despretensiosa organizada pela diretora Nadia Bambirra, minha amiga há muitos anos. Nós fazemos parte de um grupo de leitura de obras dramáticas. Um dia ela chegou com esse texto que um dos alunos dela (Tom Moreis) estava interessado em produzir. E nesta parceria veio depois o Bruno Daltro. O Tom e o Bruno são os investidores do espetáculo. O mais interessante em A Serpente é que ele é um projeto coletivo, colaborativo, em parceria com os alunos da Escola de Teatro do Wolf Maya. Ele, o Wolf, apadrinhou o nosso projeto em um horário alternativo (sextas e sábados às 23h50min, e domingos às 21h30) e dentro da nova sala multiuso do Teatro Nathalia Timberg.
Coluna Cultura Pop e Etc.: Quanto tempo vocês tiverem de ensaio? E como é encenar um texto de Nelson Rodrigues?
Maytê Piragibe: Ensaiamos por quatro ou cinco meses. Foi um trabalho bem minucioso e detalhado. E o processo mais difícil é a embocadura. Nelson Rodrigues tem uma prosódia muito específica dentro da linguagem, do universo dele. A musicalidade da obra do Nelson é muito difícil porque a tendência do que é escrito pode soar algo um tanto empostado e artificial, dependendo de como você fala. Eu tento sempre passar para o personagem a maior integridade possível. Esse foi o meu maior desafio: fazer com naturalidade e com total verdade o meu personagem. Estou muito feliz de ter recuperado a minha essência teatral com este texto, até porque a minha formação é de teatro, dentro da faculdade de artes cênicas.
Esta é a última semana para conferir a peça A Serpente na Barra da Tijuca, RJ (Foto: Divulgação)
Coluna Cultura Pop e Etc.: E como é encenar uma peça em um teatro recém-inaugurado como o Teatro Nathália Timberg?
Maytê Piragibe: Nossa, foi uma honra. A expectativa era muito grande, claro. Quinze dias antes eu já estava com “as borboletas na barriga”. Estava muito feliz tentando equilibrar o nervosismo para a estreia. Mas deu tudo certo. Graças a Deus foi uma linda estreia, melhor do que nós esperávamos. O público tem gostado muito, temos recebido críticas muito positivas, o que vem sendo um “alimento para a alma”, uma afirmação de que era isso mesmo. E como é um projeto alternativo, sem grana de patrocínio, nós mesmos é que colocamos a “mão na massa”, nós que limpamos o cenário, passamos pano, etc. Somos um pouco de cabeleireira, maquiadora, contrarregra, fazemos um pouco de tudo para conseguir levantar esse espetáculo com dignidade, na raça e na coragem. E toda a equipe tem muito orgulho de estarmos inaugurando um novo espaço na Barra da Tijuca com a possibilidade de ampliar o gênero, sair um pouco do stand up, que é tão enraizado, quase cultural do público da Barra da Tijuca. Estou muito feliz de participar desta nova fase do teatro do Rio de Janeiro!
Coluna Cultura Pop e Etc.: Maytê, você está escalada para a novela Terra Prometida, da Rede Record. Será a sua primeira vilã na TV, correto?
Maytê Piragibe: Sim, é a minha primeira vilã oficial em uma novela, mas eu já tinha feito uma participação na série Cidade dos Homens, da Rede Globo, em 2005, como a Maya. Ela era uma menina intensa, com um caráter pouco duvidoso que tinha problemas com drogas, mas não chegava a ser uma vilã. Depois fiz uma participação em Pecado Mortal (2010), já na Record, como a Donana jovem, em que eu passei o “bastão” para a Jussara Freire, que também foi direção do Alexandre Avancini. Acho que esse papel foi um teste para ver se eu convencia neste novo rótulo de vilã. Aliás, este é um trabalho de convencimento que o ator sempre tem que estar fazendo para quebrar esses paradigmas.
Maytê Piragibe em seu primeiro papel de época na minissérie biblíca José do Egito, em 2013 (Foto: Divulgação / Rede Record)
Coluna Cultura Pop e Etc.: E como será a sua personagem, a Jéssica?
Maytê Piragibe: Essa personagem começa a novela muito temperamental, com muito ciúme do noivo Salmon (Rafael Sardao) que está indo para a guerra. No decorrer da trama muita coisa vai acontecer que vai transformar a conduta e o caráter dela. Ainda não tivemos encontro com o autor (Renato Modesto), nem começamos a preparação para a novela. Por isso, não tenho mais detalhes sobre a Jéssica ainda. Só nos reunimos um dia até agora para tirar as medidas para os figurinos. Já recebi alguns capítulos que dá para ter apenas uma pequena noção do que está por vir.
Coluna Cultura Pop e Etc.: Qual é a sua expectativa em interpretar a sua primeira vilã na TV?
Maytê Piragibe: Estou super feliz com esta oportunidade. É um desafio. É interessante constatar que cada vez mais há menos personagens inteiramente bons ou inteiramente maus. São seres humanos com as suas diferenças, com os seus temperamentos, suas ideologias, suas condutas diante dos acontecimentos da trama que vão construindo o perfil do personagem. Acredito que por mais complexa do que a personagem seja, nós atores temos que defender os nossos personagens até o fim para conseguir entender determinadas atitudes e escolhas sem pré-julgamentos para encontrar a essência, a verdade de cada personagem. Estou muito feliz mesmo, acho que será um lindo trabalho!
Jornalista carioca, mãe do Heitor. Gerente de Conteúdo e de Projetos do Digitais do Marketing. Colunista convidada do Blog Eu, Ele e as Crianças. Adora ler, assistir séries pelo Netflix, ir ao cinema e teatro, navegar pela internet e viajar acordada ou dormindo. No Cabine Cultural possui a coluna Cultura Pop e ETC… sobre tudo que acontece no universo da cultura pop.