Música

Éramos Gays

Musical Éramos Gays

“Saia do armário…” essa é uma das frases que mais permeiam o universo do espetáculo Éramos Gays. Uma expressão que traduz em seu significado que alguém, cuja a sua orientação sexual (que geralmente é homossexual) está ocultada. De certa forma, por algum tipo de receio, medo, dogmas e paradigmas que são impostos por uma sociedade, muitas vezes, hipócrita, que faz com que a maioria se esconda atrás de um pai, uma mãe de família tradicional, seguindo as regras do que é “certo” e deve-se utilizar, mas, internamente, em seu âmago, vivendo as maiores dores e autoflagelações existenciais.

Inicio esse artigo com essa reflexão sobre sair do armário, porque o Espetáculo inteiro o objetivo cênico é fazer com que uma personagem saia dele, mas, claro que para quem assistiu Éramos Gays, sabe que ele traz muitas reflexões importantíssimas, em especial, em um tempo em que estamos vivendo muitas contradições, preconceitos e intolerância exagerados. Com certeza, ao lerem isso se indagarão, mas, desde quando o mundo foi diferente disso?! Concordo, e o próprio roteiro inteligentíssimo da querida Aninha Franco que retrata de forma leve, sensata e reflexiva fatos históricos e acontecimentos marcantes e, até, chocantes, que nos comprovam que a intolerância, os crimes, a violência e o preconceito exagerado vem de tempos remotos e já deveriam ter sido extintos.

Musical Éramos Gays

Me restringirei aqui a expor minhas impressões sobre o espetáculo, na visão de plateia que se extasiou com tamanha beleza e talento, bem como, de ser humano que pensa, indaga e tem opiniões, as quais, alguns espetáculos as fazem fortalecidas e mais fundamentas.

Éramos Gays é um musical altamente reflexivo, com um roteiro dramatúrgico cheio de conteúdo, fatos históricos, acontecimentos revolucionários, os quais, nos levam a um passeio sobre sexualidade desde a Grécia antiga até a StoneWall Day – um acontecimento que revolucionou Nova York e o mundo – e representou, de certa forma, um marco na história, pois foi a primeira vez que um grande número do público LGBT se juntou para resistir e lutar contra os maus tratos da polícia (intolerância e preconceito).

Musical Éramos Gays

Enfim, um verdadeiro banho de cultura e arte. Com certeza, você sai de alma lavada. Já admirava Aninha Franco, e passei a admirar mais ainda pela tamanha percepção de como fazer um espetáculo que retrata a diversidade, a intolerância, o preconceito, as “quebras” de paradigmas, os rótulos, fazendo uma crítica super construtiva para uma sociedade hipócrita e altamente retrógrada, que se preocupa mais com o ter e as superficialidades mascaradas que o SER, e suas verdades, de uma forma leve, hilária e muito sensata.

Tudo isso aliado a um elenco lindo, talentoso, que dança, que canta e mais que tudo, ENCANTA. Uma trilha sonora maravilhosa, luz, cenário, figurino, sob a direção do norte-americano Adrian Steinway, com parceria com profissionais da Broadway, transformando-o em um espetáculo digno de ser visto por muitas plateias na Bahia, no Brasil, quiçá, no mundo e ter, ainda mais, prestígio e sucesso.

Musical Éramos Gays

Para finalizar, acredito – mesmo com muitas críticas que disseram se tratar de um tema polêmico – que estamos vivendo a época mais propícia para tratar sobre ele. Afinal de contas, estamos ai, com muitos Felicianos, Joelmas e milhares de pessoas mal informadas, intolerantes, preconceituosas, que precisam refletir. E expor que é preciso mudar essa mente fechada, atolada, que é preciso respeitar o próximo, ser tolerante, AMAR e, acima de tudo, entender que a condição sexual de um ser humano não o tornar melhor ou pior que ninguém, mais digno ou menos digno, com menos direitos ou mais direitos, com permissão para servir a Deus ou não, que o objetivo é SER e não fingir SER, que todos têm o direito a felicidade e se, alguns, não conseguem entender, aceitar, pelo menos, precisam aprender a RESPEITAR, porque TODOS somos iguais diante das Leis Humanas e Divinas.

Angel Marques é atriz, escritora, colaboradora do Cabine Cultural e possui o blog O Exercício do Amor Próprio.

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