Matheus Porto
“Acho fundamental pensar fora da caixa. Não me identifico com essa guerra de papagaios que repetem os mesmos dizeres, e tenho certeza que assim se foge muito dos reais debates.” (M.P.)
Quem não lembra da malvadona Odete Roitman, né? A vilã foi um dos principais destaques na antológica novela “Vale Tudo”, da Globo, no ano de 1988, na qual participou de uma famosa cena em que Raquel, personagem de Regina Duarte, parte com tudo para cima de Maria de Fátima, vivida por Glória Pires. Com direito a tapas, arranhões e gritos estéricos, a briga recentemente ganhou uma dublagem muito divertida (*uma das melhores até hoje e com direito até a elógios rasgados da própria Glória Pires) inspirada nas discussões políticas das eleições de 2018, na qual Raquel apoia Bolsonaro enquanto Fátima rebate em defesa de Haddad.
Apesar da treta entre a “esquerdinha caviar” e a “fascista” ser ficcional, como a montagem propõe, o embate não está tão distante assim da vida real, já que Regina Duarte vive manifestando apoio ao candidato, agora presidente eleitor, do PSL ao mesmo tempo que Glória Pires declarou votar no presidenciável petista. O vídeo dublado foi publicado na rede e, até agora, já acumulou mais de 520 mil visualizações, só no Facebook. A produção foi feita pelo ator Matheus Porto, que tentou imitar as vozes originais das atrizes, apostando em um texto improvisado.
Mas toda essa trivialidade e talento se mostra ainda mais presente quando lembramos que Matheus Porto é muito famoso nas redes sociais no Brasil. Na verdade, o seu canal ainda não está entre os maiores do país, por quantidade de seguidores, mas tem uma qualidade de vídeos bem humorados e repletos de críticas, coisa não miuto comum entre os youtubers, coisa que ele também não gosta de ser classificado. Com muito custo, nessa entrevista, o ator/dublador (que não gosta de ser chamado de humorista) declarou: “ Quem sou eu para dissertar publicamente sobre políticos e movimentos? Respeito os meus limites e acredito que isso também seja responsabilidade e humildade. Todo ser humano quer ou deveria querer melhores serviços públicos, oportunidade de trabalho, menos impostos ou ao menos ter seus impostos bem empregados a benefício da população…”
Seu público o adora, suas dublagens estão entre as mais compartilhadas e comentadas, e boa parte da explicação para tanta veneração está na simplicidade do seu discurso e na trivialidade da imagem que passa. E numa sociedade cada dia mais preocupada com a imagem e no discurso do politicamente correto, Porto joga na cara de todos que vulnerabilidade e trivialidade podem ser um bom negócio. E, talvez, foi justamente o fato de topar se mostrar sem medos e sem vergonha que fez ele topar uma entrevista para um site de cultura que ele não conhece, para um entrevistador que ele também nunca viu e soltou o verbo.
Elenilson – Antes de mais nada, queria que você soubesse que é um prazer fazer essa entrevista. Mas gostaria de saber logo de cara como foi a sua descoberta como humorista/dublador pela rede?
Matheus Porto – Sou ator, estudo naturalmente as artes cênicas desde sempre, amo filmes mais do que tudo, depois teatro e também algumas coisas da televisão. Onde houver arte eu reconheço sem preconceitos. E sempre tive paixão por vídeos, quando surgiu o YouTube eu que tive minha imensa coleção de gravações em fita vhs, pensei que aquilo ia ser maravilhoso. E sempre admirei a boa dublagem dos antigos dubladores que geralmente vieram das novelas de rádio, eram atores. Em 2017 fiz pela segunda vez um curso de dublagem que é uma possibilidade bacana de trabalho para um ator. Vídeos meus na internet com repercussão muito boa já haviam acontecido em anos anteriores e são espontâneos, todos. Não quebro a cabeça para bolar vídeos não, mas faço uma prévia na imaginação que me diverte, mexe com meus pensamentos, minha atenção e aí executo e lanço na página. Juntei o treino de dublagem com o tema eleições e claro as imitações que faço desde sempre mas não sou de mostrar muito ao vivo me exibindo, não sou assim e os vídeos não são invasivos, você vê na hora exata que quer.
Elenilson – A partir de sua trajetória pessoal, como você vê o desenvolvimento do campo profissional, literário e acadêmico no Brasil, levando-se em conta as diferenças desse processo nos diferentes estados, principalmente numa província atrasada como é o caso do nosso país?
Matheus Porto – Olha, a resposta a essa pergunta, daria uma tese. A minha trajetória pessoal não me trouxe essa bagagem toda ainda, mas acredito que o Brasil com seus muitos contrastes, quero dizer, existem inúmeros Brasis dentro do Brasil, então diria que existem avanços, retrocessos e estagnação.
Elenilson – Quais são suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como ator?
Matheus Porto – A literatura me influencia mais diretamente como ser humano, e indiretamente como artista também. Constantin Stanislavsky, Augusto Boal, Ferreira Gullar são alguns dos autores que me marcaram!
Elenilson – Você sempre foi de fazer graça?
Matheus Porto – Sempre fiz graça, mas não sou nem fui o típico exibido. E também não é constante, tenho dias que estou engraçado e outros bem sério.
Elenilson – Quando surgiu essa ideia de fazer vídeos bem humorados para criticar como inteligência esse momento tenebroso que estamos vivendo?
Matheus Porto – Eu já havia visto paródias com dublagem, mas só tive a ideia de que seria legal existir uma paródia com o máximo de precisão possível nas imitações para que ficasse algo próximo do que foi encenado pelas atrizes. Acho que também pensei ou senti algo como: “Quero botar pra fora as tão repetidas frases de todos os lados e não quero agredir ninguém, quem sabe fazer rir”. Mas é tudo improviso, nada planejado.
Elenilson – Pergunta clichê, mas necessária: você já sentiu algum tipo de preconceito pelo fato de fazer humor?
Matheus Porto – Não sinto preconceito, estou começando a minha vida profissional aos poucos, com dificuldades. Só não me identifico quando se referem a mim como humorista, eu entendo, mas convivo comigo mesmo desde que nasci e sei que sou um ator que fez, faria e fará comédia e drama também, é o meu sonho, que tenha sempre trabalho e variado. Sou fascinado por filmes sérios, belos, dramáticos e os de entretenimento também, meu sonho é fazer cinema!
Elenilson – Que tipo de humor você não faria?
Matheus Porto
Matheus Porto – Humor que eu não ache graça, humor agressivo que faça alusão desrespeitosa a alguma pessoa ou história injusta real e complexa, pesada… Mas o humor sem talento, sem sal, também é algo que não gostaria de fazer, tento não fazer, não sei se consigo.
Elenilson – Whindersson Nunes, Danilo Gentili, Felipe Neto e Fábio Porchat fazem o tipo de humor que fere, que machuca e que ignora totalmente uma boa educação. O que você acha dos seus colegas estarem na mídia, sendo valorizados por muitos e, ao mesmo tempo, serem inescrupulosos?
Matheus Porto – De todos que citou, só conheço o trabalho do Fábio Porchat, a quem admiro de verdade. E desconheço conteúdo inescrupuloso da parte dele, não vi tudo. Ele é ótimo ator, comediante, escritor, apresentador, tantas coisas… mas se você se refere a infringir o respeito em nome da piada, humilhar alguém, penso que é uma escolha de cada um, quando o fazem, recebem gargalhadas e também ódio ou rejeição. Existe espaço para a manifestação do público. Eu não quero ódio, só amor. Mas, acho que deve haver cuidado nos critérios para não ser agressivo demais e também não matar o humor sendo correto demais em todas as questões, é possível ser incorreto no humor mas ao mesmo se auto criticando por estar sendo incorreto e assim não passar uma mensagem ruim entende? é delicado esse assunto mas todos tendo liberdade para se expressar está tudo certo, o cara pode fazer a piada e o público pode rir ou não, amar ou odiar e manifestar isso, com mensagens ou até processos se for cabível.
Elenilson – Como você analisa muitos dos nossos professores (*e não são poucos) que não leem, não trepam com vontade e não oxigenam os cérebros por acharem desnessessário. Professores fazem parte de um grupo que não se respeita e não respeita os outros. Como você analisa a Educação não como formadora de cidadãos críticos, mas apenas como uma infinita boiada de marcadores de xis em provas do Enem?
Matheus Porto – Essa pergunta veio com afirmações das quais eu discordo e soam preconceituosas. Mas gosto muito da pergunta e minha análise é de que o ensino já devia ter passado por transformações drásticas na dinâmica há muitos anos. Eu que fui criança e adolescente ao longo dos anos 90 para 2000 e poucos, já sentia um atraso na dinâmica, e acho muito mais importante a formação como indivíduo, caráter e capacitação de atividades vitais produtivas do que decorar a resposta certa para passar na prova. Precisamos de reforma geral no ensino.
Elenilson – O que anda lendo?
Matheus Porto – Eu ando lendo sobre luto… infelizmente. Minha irmã jovem, linda, talentosa e muito amada faleceu de câncer há 6 meses e parece que nunca vou me recuperar, a leitura de variados textos sobre o assunto é uma das tentativas de suporte nessa situação…
Elenilson – Você gosta de provocar ou prefere estapear as caras do coro dos descontentes para que acordem?
Matheus Porto – Provocar emoção, reflexão, encantamento, diversão, como todo ator quer… estapear? Talvez em um filme forte e bem feito, com um argumento bem amarrado e que eu acredite… seria legal… mas eu não pretendo estapear ninguém com meus vídeos de internet… disso tenho certeza!
Elenilson – Muita gente anda comentando os seus vídeos bem humorados, principalmente os que você faz referência a atual política brasileira. Como você avalia essa simpatia pública?
Matheus Porto – Eu fico satisfeito, atribuo o sucesso dos vídeos a minha espontaneidade neles, aos meus estudos naturais de artes cênicas desde muito pequeno, com minha irmã assistindo filmes, teatro, TV, observando as pessoas, os atores… Acho que tenho a empatia do público em tudo que tenho feito.
Elenilson – Em tempo de movimentos sociais rasos, todos “chapa branca”, mais vale um cargo público que se indignar com a dor de famílias pobres, vítimas de todo tipo de truculência do Estado. Você como cidadão engajado, conectado, que pensa, quem tem um discurso não muito comum, o que acha disso?
Matheus Porto – Caramba… eu não me sinto engajado, nem tão conectado, sabia? O que eu acho é que dos mais aos menos influentes, todos deveriam participar sempre com verdade, compromisso e racionalidade, o quanto puderem. Existem movimentos sociais rasos e outros muito profundos. Fui natural ao abordar o tema político, mas não vou ficar preso a isso. Meu foco é o meu trabalho como ator e não de revolucionário, pois seria pretensão. Se por acaso o meu trabalho revolucionar o pensamento de uma pessoa ou mais, maravilha. Acredito muito no movimento da micro esfera para macro. Havendo verdade, respeito e comprometimento não existe rasura, só profundidade.
Elenilson – Aparentemente a decisão da maioria da população de preservar o senhor Lula da Silva, mesmo encarcerado por corrupção, no poder é um sinal claro de que o povo não absorveu com clareza os últimos fatos que levou o Brasil para o buraco. Você acha que algum dia o povo vai acordar e deixar de votar em políticos em troca de esmolas?
Matheus Porto – Olha, apesar de não defender o PT, pelo que sei o Brasil sempre esteve no buraco… Não acredito que o PT tenha levado o país ao buraco… porque sempre esteve. Todo Governo que pude avaliar tem uns poucos acertos aqui e ali, mas comete muitos desastres.
Elenilson – O povo consciente de verdade não quer saber de invasões de propriedade, de MST, de guerra convocada por Lula e afins. Quer melhores serviços públicos, pois paga pesados impostos, e oportunidades boas de trabalho. Coisas que o PT tem impedido, com sua incompetência, roubalheira e ideologia ultrapassada. Comenta.
Matheus Porto
Matheus Porto – Eu não tenho como responder as perguntas que vem junto com afirmativas. Repito, não defendendo o PT, mas quem é o povo consciente de verdade? É tão complexo! Quem sou eu para dissertar publicamente sobre políticos e movimentos? Respeito os meus limites e acredito que isso também seja responsabilidade e humildade. Todo ser humano quer ou deveria querer melhores serviços públicos, oportunidade de trabalho, menos impostos ou ao menos ter seus impostos bem empregados a benefício da população…
Elenilson – Como você avalia esses movimentos sociais que estão só preocupados em postar vídeos xingando o Governo ou qualquer um que pense diferente da caixinha pelas redes sociais. O exemplo dos militantes do Movimento Negro que recentemente invadiram uma sala de aula na USP causando tumulto e resultando numa série de debates rasos em vários veículos de comunicação, como a Folha de São Paulo, e até o deputado Jean Wyllys se mostrou totalmente desinformado em tratar o caso, afinal o nobre deputado recebe o nosso dinheiro no Congresso Nacional para mostrar descontrole. Comenta.
Matheus Porto – Acho fundamental pensar fora da caixa. Não me identifico com essa guerra de papagaios que repetem os mesmos dizeres, e tenho certeza que assim se foge muito dos reais debates. Não existe debate quase, basicamente só existe disputa, por isso sempre a atitude de atacar o opositor, ao Invés de chamar a atenção para boas propostas. Vejo isso em todos os lados eventualmente, dos partidos e seus eleitores… é um atraso, tempo e energia gasta em vão.
Elenilson – Me fala agora como acontece o processo de produção dos seus vídeos…
Matheus Porto – É muito rápido. Se tenho a tarde livre e estou inspirado a brincar, procuro lembrar de cenas, as capturo e começo a dublar! Dá trabalho pois tenho que refazer o áudio do ambiente da cena. Se não fosse isso, faria em 30 minutos. As vezes regravo frases que podem melhorar mas não muito pra não perder a espontaneidade.
Elenilson – Você vai continuar investindo nessa carreira de youtuber?
Matheus Porto – Eu não sou youtuber exatamente porque a maior parte dos vídeos de sucesso estão só no Facebook. Lá é onde tenho mais seguidores do que em qualquer lugar, mas estou em outras plataformas e cada vez mais interagindo com as pessoas.
Elenilson – Quando você entendeu que estava dentro de um negócio?
Matheus Porto – Não é um negócio, gasto zero e lucro direto zero, mas acaba gerando lucro indireto, o maior lucro é o artístico pessoal, os enormes aplausos e críticas positivas das pessoas. Só consigo dizer que me percebo em algo que teve grande alcance e fico feliz, mas como todo ator já espero ansioso pelo próximo, sempre o próximo.
Elenilson – A primeira paródia era sobre o quê?
Matheus Porto – A primeira paródia é uma regravação de uma das cenas mais marcantes e antológicas da televisão e da telenovela, da melhor novela em minha opinião, a única que realmente amei chamada “Vale Tudo”. A novela originalmente discute ética e caráter, mas atualizei e emprestei alguns dos dizeres de ambos os lados dos eleitores e coloquei na boca das personagens com minha atuação.
Elenilson – E hoje com que frequência você posta?
Matheus Porto – Duas vezes por semana, tem um mês da primeira paródia, com milhões dê visualizações espalhadas, na minha página foram mais de 500 mil pessoas… mas milhares de outros meios como Whatsapp, Instagram… etc.
Elenilson – Já começou a ganhar muito dinheiro fazendo esses vídeos?
Matheus Porto – Ganhar muito dinheiro? Não comecei nem a ganhar pouco dinheiro…
Elenilson – Você tem medo de perder essa ingenuidade em relação ao dinheiro?
Matheus Porto – Primeiro eu teria que ganhar dinheiro com esses vídeos! Depois disso eu poderia responder a sua pergunta, mas não gostaria de perder a liberdade nos meus vídeos. Não tenho ingenuidade em relação a nada mais…acredito eu!
Elenilson – Como sua família vê sua carreira?
Matheus Porto – Minha família se diverte e dá força pra eu fazer o que me faz feliz! Mas claro que como toda família, querem que eu viva bem fazendo o que eu amo! Então esperam que eu tenha cada vez mais êxito na profissão…
Elenilson – Você está muito exposto na internet, já se meteu em algumas confusões? É uma sensação estranha, né?
Matheus Porto – É uma bruta exposição, mas com muita alegria e espanto até. Não houve nenhuma confusão até hoje. Impressionante! Recebo mensagens abertas e fechadas, todas são de elogios e carinho, as poucas que não foram eu quebrei o clima de guerra. Não estou em cima do muro mas não vou brigar com ninguém nem desrespeitar ninguém dentro de suas respectivas posições!
Elenilson – O que você aprendeu com as polêmicas nas quais se meteu?
Matheus Porto
Matheus Porto – Eu ainda não tive polêmicas, mas já aprendi que estar perto do máximo de pessoas que posso, manter contato e diálogo esclarece o problema que muitas vezes é erro de comunicação, erro de expressão. Somos todos humanos e mais parecidos do que pensamos.
Elenilson – Alguém famoso não gostou de algum vídeo que você fez?
Matheus Porto – Não soube, só soube de elogios a minha atuação, ao fato de fazer todos os personagens, a própria Regina Duarte curtiu um dos vídeos que foi compartilhado no Instagram na página @eutenhomedo o que achei maravilhoso.
Elenilson – Como foi a sensação de ter sido elogiado pela própria Glória Pires?
Matheus Porto – Eu só soube por amigos em comum que a Glória gostou, se divertiu, mas não recebi concretamente o elogio. Ela é uma mestra, a amo demais e só dela ter visto já foi uma sensação incrível de satisfação e surpresa!
Elenilson – A gente faz merda o tempo inteiro. O problema (?) é que você usa o humor para mostrar isso publicamente. Como você reage às críticas negativas do seu trabalho?
Matheus Porto – Então, felizmente não houve crítica negativa consistente… incrível isso! Claro que tem comentários não tão bons, mas são breves e não me incomodam, é normal e a rejeição deve ser respeitada também.
Elenilson – Disserte sobre as catástrofes da vida ordinária: acabou o papel ou a fita, uma peça quebrou, o barulho do vizinho está acabando com você. Isso tudo pode ser matéria para seus vídeos? Comenta.
Matheus Porto – Sim, todo e qualquer detalhe do nosso cotidiano terrestre pode inspirar e ser usado.
Elenilson – É muito cruel isso de internet porque a gente muda de opinião, a gente muda de comportamento. O Estado Brasileiro, não é exagero, mata mais que o Estado Islâmico, mas contra o EI (que não é um estado de verdade) o mundo vem se mobilizando, aqui infelizmente o Estado se nutre das misérias que produz, cada dor, cada morte, para que se torne mais poderoso e intimidatório. Como você encara o aumento assustador da violência em nosso país?
Matheus Porto – Sinto tristeza, é uma questão humana que devia ser tratada na sua origem que é a formação de cidadãos, o que é um dever de todos, do governo, das autoridades, mas da sociedade e dos pais, todos que co habitam o planeta na corrente da vida, em sociedade, levando em conta, ação e reação, causa e efeito…
Elenilson – Você tem medo de o sucesso subir à cabeça? Dizem que pra você ver quem é mesmo a pessoa ela tem que ter poder e sucesso. Comenta.
Matheus Porto – Subir a cabeça? Não. De jeito nenhum. Ainda nem tenho o sucesso suficiente para me subir a cabeça e se tiver não vou me deslumbrar, sou adulto. Esse deslumbre acredito que aconteça mais com adolescentes e muito famosos!
Elenilson – Quando coloca “the end” é mesmo a palavra final ou faz o gênero arrependido cujo moto é “work in progress”?
Matheus Porto – As vezes é mesmo o final e outras vezes pode ser um “work in progress”… eu nunca escrevi “the end”… Acho bonito nos filmes antigos!
Elenilson – E o computador? A parafernália informática? Você convive bem com a tecnologia de sua época?
Matheus Porto
Matheus Porto – Eu sempre convivi com a tecnologia exata do meu tempo! Meu pai trabalhou entre outras coisas com computação gráfica, então tive contato com computador desde criança, as fitas, cds, DVDs, conheci tudo logo que lançava, foi um privilégio e me interessei sempre. Mas tenho o que posso e quando posso, meu celular estar velho por exemplo!
Elenilson – Generalizando, existe mesmo vocação?
Matheus Porto – Vocação existe sim! É diferente de talento. Mas acredito que ambos podem ser adquiridos ou lapidados porque mudamos muito ao longo da vida. No meu caso sinto que nasci fascinado por arte, música, expressão, imagem, comunicação, então quando estudo na verdade é diversão, parece que nem combina com a palavra estudar que as vezes sugere um esforço. Naturalmente estudo arte o dia todo, todos os dias!
Elenilson – Quando olha para trás sua maior satisfação é poder dizer…
Matheus Porto – Que fui feliz, que amo e sou amado, reconhecer quando e onde fui privilegiado, reconhecer as belezas da minha vida, ser grato pelas facilidades e nunca desistir de tentar resolver as dificuldades.
Elenilson – O que ainda podemos esperar do Matheus Porto?
Matheus Porto – Eu espero que muitos e variados personagens! Em todo tipo de formato. Cinema, teatro, TV, séries, vídeos para internet. É o que gostaria de mostrar pro mundo, o meu trabalho, e se possível sempre trazendo emoção e reforçando nossa humanidade, nossa complexidade e beleza da existência, iluminando um pouco o caos que é existir com humor ou drama. É o que espero e o que todos podem esperar! Pode ser que eu cante também… sempre cantei, gostaria! É isso! Muito obrigado! Prazer!
Vídeo
As personagens de Regina Duarte e Gloria Pires – da novela Vale tudo – ganham dublagem divertida de Matheus Porto e saem aos tapas em defesa de Haddad e Bolsonaro. Assista