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Guerra Mundial Z e a guerra dos zumbis

Guerra Mundial Z

Está mais que notado que os zumbis são as estrelas atualmente no universo tanto do cinema quanto da televisão. Esse fenômeno já vem acontecendo há muitos anos, mas somente por agora que as coisas tomaram uma proporção mais global, que vai desde a febre da série The Walking Dead, passando por filmes de ação/romance para adolescentes, como Meu namorado é um Zumbi, navegando pela comédia de ação, como Zumbilândia (o filme, maravilhoso, e a série também, mas nada maravilhosa) e chegando ao mainstream, ao topo da indústria cinematográfica, como é caso de Guerra Mundial Z, filme mais recente do astro Brad Pitt.

O filme de Marc Forster (responsável pelo ótimo Em Busca da Terra do Nunca e também por 007 – Quantum of Solare) está longe de ser a melhor experiência fílmica com os mortos vivos, mas ainda assim tem seus bons momentos, que fazem uma ida aos cinemas (ou às locadoras) valer a pena. Mas sua principal qualidade acaba sendo em alguns momentos também o seu grande defeito. Falo do ritmo.

O ritmo acelerado do filme, da narrativa, conta a favor em grande parte do desenvolvimento da história, sobretudo por não alargar tanto as relações interpessoais desenvolvidas pelos personagens, principalmente as do protagonista, Brad Pitt, que junto com sua família (esposa e uma filha) representa o miolo da história. É por causa dela que Gerry Lane (Brad Pitt) aceita a missão de viajar ao outro lado do mundo para conseguir pistas sobre a cura desta ‘doença’ que se alastra pela terra. Sendo assim, em alguns poucos momentos vemos este relacionamento ser colocado na história, mas a maior parte dessa relação familiar é apresentada de modo implícito, e cabe ao espectador o trabalho de imaginação.

No entanto esse ritmo mais rápido, responsável por não deixar o filme ficar arrastado, é também responsável por tornar o filme bem menos denso e instigante, justamente por não se preocupar com o desenvolvimento dos personagens, mas sim da ação principal do filme, que é a busca desenfreada pela destruição ou cura dos zumbis. Desde os primeiros minutos já sabemos que esse seria o caminho escolhido, pois o filme começa com uma rápida apresentação da família de Pitt para logo em seguida sermos jogados já no inferno que é viver numa cidade infestada de mortos vivos. E a partir de então é tudo muito rápido e essa velocidade faz com que quem assista se preocupe somente em ver zumbis explodindo ou zumbis sendo explosivos. Mas de fato, pouco importa se a família de Brad, digo, Gerry, e até mesmo o garoto que é levado a tiracolo, vão sobreviver na história.

Guerra Mundial Z

Mas há outros elementos interessantes no filme de Forster e o mais notado é sem dúvida alguma o tom épico que ele impõe desde o início. É tudo muito grandioso, e o diretor soube se utilizar – em muitos momentos – da câmera para deixar ainda mais evidente esta ideia. Os planos usados normalmente são planos abertos, bem gerais, filmados lá de cima, para a todo instante ele avisar a quem assiste que a história contada é apocalíptica, que envolve a iminente destruição da Terra, ou, mais importante ainda, a iminente destruição dos Estados Unidos.

Assim, Guerra Mundial Z se leva muito a sério, tendo em The Walking Dead seu exemplo correlacionado. A questão é que a série americana possuiu – e ainda possui – tempo suficiente para desenvolver de modo satisfatório seus personagens, e assim todas as sequências de adrenalina e ação fazem algum sentido. No filme, este sentido é um tanto vazio (ou para não ser cruel, um tanto superficial).

Em compensação, o que deixa a desejar em drama, oferece aos montes em ação, produzindo algumas das melhores cenas da história do cinema deste gênero. O filme é grandioso, blockbuster mesmo, e talvez por isso tenha sido a maior bilheteria da carreira de Brad Pitt. É de certa forma uma pena, pois se eu tivesse o poder de nominar suas maiores bilheterias, colocaria Seven, Clube da Luta e até mesmo O Curioso Caso de Benjamim Button bem a frente de Guerra Mundial Z.

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