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Letras Irreverentes: A JORNALISTA

Coluna de Helena Prado sobre tudo que o universo pode oferecer; um espaço para contos, crônicas, textos, relatos…

A JORNALISTA

Regina era jornalista. E, na sua primeira lição, aprendeu na faculdade que tentou fazer que no jornalismo o fundamental era a isenção.

Entretanto, como a faculdade ficou muito cara, ela teve que ralar para entrar numa faculdade Federal. Mesmo já trabalhando numa joalheria.

A faculdade e o trabalho faziam os dias de Regina muito puxados. Não sobrava tempo para quase nada. Assim, neste ritmo, sua vida era uma loucura.

Pertencia à classe média, mas foi instruída desde sempre que deveria trabalhar. E que depender dos outros não estava com nada. Sua mãe era advogada. Seu pai também. Ela, ovelha desgarrada, optou por jornalismo.

Corria o ano da “graça” de 2000.

Apesar de ser bem jovem, suas reportagens destacavam-se pelo seu raciocínio brilhante, pensamento idem, e qualidade de sua escrita. Sem falar no seu cabedal cultural. Era concisa. E inovou escrevendo em linguagem coloquial. Em 2016 foi promovida de repórter a colunista, num dos mais importantes jornais de São Paulo.

Na faculdade Federal foi muito doutrinada. Embora conhecesse a fundo a biografia do idealizador de uma sociedade com uma distribuição de renda justa e equilibrada, o economista, cientista social e revolucionário socialista alemão Karl Marx, achava suas ideias ultrapassadas e que não trazia o benefício às sociedades como muitos colegas acreditavam. Tanto era que Marx foi expulso de vários países europeus pela sua radicalidade.

Marx cursou Filosofia, Direito e História nas Universidades de Bonn e Berlim. Também foi um dos seguidores das ideias de Hegel, que era um filósofo alemão e um dos primeiros pensadores a se preocupar com a “modernidade” com base nos estudos sociológicos. É dele a frase “o racional por si só é real”. Nem sempre, pensava Regina no seu tempo de estudante. O objetivo de Hegel era reduzir a realidade a uma unidade sintética dentro de um sistema denominado idealismo transcendental.

Embora Regina soubesse tudo na ponta da língua por ter estudado a fundo o que foi lhe foi apresentado, ela não compartilhava da ideologia que a os professores tentavam impingir aos alunos de todas as maneiras. A faculdade era uma máquina de criar esquerdistas radicais. Ela ponderava que tudo que era extremado não era bom. Fosse de direita ou de esquerda. Por ser como era, muitas vezes era hostilizada pelos colegas. Sobretudo mais tarde, no jornal onde trabalhava. Um dos mais hostis era um determinado colega considerado um baluarte do jornal, e muito premiado e reconhecido quase no mundo inteiro. Sempre que se encontrava com Regina, invariavelmente enchia seu saco. Era muito mais velho que ela e experiente. Disso ela não duvidava e até o admirava. Mas achava um pé no saco suas ideias doutrinárias.

A Jornalista

Os tempos estavam difíceis e muito estranhos. O Brasil vivia um reboliço. Era um tal de “petrolão” pra cá e Lava Jato pra lá.

Os ânimos todos acirrados. Amigos que brigavam por causa de política e muitos empreiteiros e políticos presos pelo líder que surgiu, um jovem e corajoso juiz chamado Sergio Moro. Não havia um único lugar onde ele fosse que não era aplaudido de pé. O contingente de pessoas que era contra o partido que estava aboletado no poder era enorme. Mas o contrário também era verdadeiro, como na classe artística . Não que não houvessem artistas contrários à presidentA. Digamos que fosse uma pizza (?). Meia mussarela, meia calabresa.

A presidente, uma mulher muito atrapalhada que falava em estocar vento (?), quis dar um nó na gramática e inventou a palavra presidentA. E assim era chamada pelos seus correligionários e puxa-sacos. Que não eram poucos. Inclusive na mídia. Até que ela foi “impichada” e criou a maior celeuma.

Um dia, seu colega pentelho e baluarte do jornal, abusou do direito de perturbar Regina. Profundamente aborrecida, Regina teve a ideia de fazer um artigo voltado a ele e escrito à José Simão. Era um artigo kamikaze, mas ela não estava nem aí, até porque estava sendo sondada pelo jornal concorrente. E mandou bala, mesmo não tendo a veleidade de ser engraçada.

“Bom dia a todos os leitores! Hoje vou botar para fora tudo que sei. E pior que não aguento andar para procurar outro emprego. Vou ficar muito cansada e, talvez, encher a cuca de uísque. E vou ficar doidona o dia inteiro. Vai ser difícil me aguentar. Azar! Não sou eu que me aguento, kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

A Folha Paulistana está cada dia mais metralha, um horror!

Se você for ler Boulos, cuidado, porque Boulos engorda só de escrever. Se fosse só isso, ainda vá lá…  Mas não vou falar de Boulos como “pensador”.

Vou falar de outro lance. Se Boulos fosse magrinho, estaria doente. É como Rodolfo. Ou Adolfo. Que pra mim também são nomes gordos.

Encontrei-me com Boulos. Ele não é nem gordo nem magro É cheinho. O que equivale a dizer que é gordinho. Só que não, kkkkkkkkkk!

Boulos se parece com os filhos do ex-presidente. Que têm caras de bolhas. Ops, essa palavra também engorda. Mas posso trocar por nerds.

$e todos os nerds do paí$ fo$$em agir como ensinou o ex-pre$idente aos $seu$ filho$, e$taríamo$ vivendo num paí$ do tamanho de Portugal. A “famiglia” teria  “comido” o Bra$il inteiro.

E hoje eu tenho que escrever a minha coluna e não faço a menor ideia do que dizer. Talvez eu faça como Wanderley Moura que escreve assim:  “Michel Temer é insignificante. Se tivesse alguma relevância, o PMDB já o tinha posto em alguma liderança”. Como escreveu Claire Gatinois, do Le Monde, “Michel Temer, o novo presidente do Brasil, chegará para o G 20, o clubão das maiores economias do mundo, como Maquiavel ou salvador?

E………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………”. Ou como escreveu Paul Krugman, do New York Times, o  “Julgamento da presidente brasileira mostra Renan Calheiros um artista perfeito”

e………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………”

Entenderam? Ele escreve meia dúzia de palavras e faz enxertos de artigos de outros jornalistas, porque está com preguiça de escrever ou porque está velho e cansado. E pensa que engana os leitores e colegas, kkkkkkkkkkkkkkkkkk!

E hoje eu acordei bem cedinho e com a macaca. Preferia ter acordado com Fernando, meu paquera. Mas não quero trazê-lo aqui nem levá-lo ao meu quarto porque é uma zona. E eu não posso ir até ele porque trabalho.

Este namoro vai durar uma eternidade. Eu não o vejo, tampouco ele vê a mim. Por isso que é bom, eu acho.

E chega que este “artigo” está muito extenso. Tenho um número de caracteres que posso usar que já está para acabar. Se levarmos em consideração que estamos num país onde uma parcela expressiva da população não gosta de ler, inclusive gente que já teve papel importante na política, ele está enorme.”

O espaço reservado aos leitores só falava de Regina. Houve gente que gostou e outras tantas que detestaram.  Ora falando e apoiando Regina, ora defendendo seu rival. Era um lance tipo Fla-Flu.

O jornal recebeu uma infinidade de e-mails durante um mês. De conservadores a revolucionários.

Por incrível que possa parecer, foi Wanderley Moura que pôs fim à orgia do espaço dedicado aos leitores, defendendo Regina.

Que não se emocionou. E nem foi demitida. Muito ao contrário, tudo ficou como sempre foi. Mas com Wanderley respeitando Regina e suas ideias. Talvez por medo de ela ter outro surto de sinceridade ou por achar que a jornalista era boa de verdade.

Aos 17 anos publicava minhas crônicas no extinto jornal Diário Popular. Foi assim e enquanto eu era redatora do extinto Banco Auxiliar, um porre! Depois me dediquei às filhas. Tenho duas, Paola e Isabella. Fiz comunicação social. Mas acho mesmo que sou autodidata. Meu nome é Helena e escreverei aqui aos domingos.

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