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Letras Irreverentes – Minha gata caiu no meu teclado

Coluna de Helena Prado sobre tudo que o universo pode oferecer; um espaço para contos, crônicas, textos, relatos…

Minha gata Luna

Há dias que escrever flui. Viajam encantados e encantando meus dedos nas teclas do computador. Escrever é demais! Eu adoro. E mesmo que eu escreva algo banal, tenho toda a certeza de que escrever é a maneira como melhor eu me expresso. É quando me torno um pouco mais sensata, ou quando berro alto contra alguma injustiça…

Escrever sou eu nua.

Escrever me dá coragem. É também como tomar um dry martini num fim de tarde, acompanhada de minha gata Luna. E depois encarar os mais variados problemas ou ideias, talvez até uma briga interior entre mim e eu mesma, incontida.

Adoro escrever ideias “geniais”, simples ou pôr claras situações da vida. As despojadas, as que me dão medo…

Sem conotação pejorativa, escrever é comparável a qualquer tipo de compulsão. Pelo menos para mim. Quanto mais escrevo, mais tenho vontade de escrever.
Mas hoje, de repente, estou sem tema, sem ideia. Sei lá por quê. Sei que se eu me sentar e me concentrar vou escrever. Certeza absoluta.

Mas acho que a gente deveria ter um botão de liga/desliga no cérebro. Para escrever sem parar, sempre que der na telha. Se eu tivesse esse botão, acho que ele queimaria por excesso de uso.

Escrever sobre a minha gata, que acaba de se instalar no meu teclado obrigando-me a teclar com um dedo é o máximo! Me dá uma sensação deliciosa. Por quê? Porque ela me acolhe, me faz carinho, é leal, anda atrás de mim, corre comigo neste apartamento, bebe água na pia do banheiro, e em conversa comigo, ela me diz claramente que quer ir de “elevador” para a pia: mecmacmmmecmacmmmmmmmmac, mec… E eu a levanto e a ponho na pia.

Enfim, ele me confere uma devoção felina. Deusa!

Falar da Luna hoje, uma gatinha medrosa que chegou traumatizada e estropiada na minha vida, e que hoje é minha companheira de cama é um prazer incrível.

Luna, a gata

Foi trazida pela minha filha Isabella, a fim de me consolar. Porque o meu Gabriel, um siamês maravilhoso que ganhei e que chegou com um laço turquesa da cor de seus olhos no pescoço, foi envenenado por alguma pessoa muito do mal.

Em princípio, ignorei a Luna. Caramba, perder um príncipe para uma gatinha bichada, sem trocadilho, foi estranho! Mas ela era tão inteligente, tão carente e arredia que meu coração dobrou-se a ela e derreteu.

Luna é muito, mas muito carinhosa; entende tudo que eu falo; é inteligentíssima. E com a idade, como qualquer ser humano, ficou cheia de tiques e manias, que eu entendo. Dou a maior força para suas esquisitices. E, certeza, faço com que ela se sinta feliz. Também satisfaço todos os seus desejos. Até mais esdrúxulos. Tipo crente que é gente — e para mim ela é —, agora resolveu tomar água em copos e desprezou suas vasilhas. No mínimo, engraçado.

A maior preocupação que tenho com ela neste momento é sua idade. Ela completou em janeiro 16 anos. De pura saúde, bárbara!

Mas já esteve à morte, quando um cachorro a pegou, nhac!

Dois dias sem Luna me puseram louca. Sumida, fiquei desesperada. Peguei meu carro e dei três voltas no quarteirão gritando muito alto o nome dela.

Desasada, cheguei em casa chorando. Mas não passaram dez minutos, ela apareceu no muro do quintal estraçalhada, semimorta.

Claro que ela ouviu minha voz e o barulho do meu carro e, coitadinha, encontrou não sei como, forças para subir no muro para me pedir socorro. Ela estava anêmica, desidratada, com a barriga cheia de mato, com um cheiro horrível, um horror!

Fui com meu sobrinho correndo para o veterinário com ela aninhada nos meus braços. A cirurgia durou cinco horas e, graças a Deus, não havia nenhuma perfuração em algum órgão importante. Já na UTI, fiquei com ela sem arredar os pés. Ela ficou internada por 15 dias, mas o veterinário não me garantiu o sucesso da cirurgia.

Pois sim! Cuidei dela e fiz curativos durante seis meses. Ô gatinha marrenta! Pasmem, não ficou com nenhum sequela, apesar de quase ter sua coxa e sobrecoxa devoradas. Ela é fera! Ela gosta de viver.

Por isso, eu a amo em todos os momentos e faço todas as suas vontades. Tenho pavor de perdê-la.

Sem raça definida, ela é igual a qualquer Russian Blue. Sua pelagem é curta e cinza, linda! Adora um carinho, um colinho, receber visitas, é uma linda.

Iuiu, Iuiu, (apelido) no dia em que você for parar em outras bandas, quero ir com você, meu amor, minha vida.

Beijos e cafungadas no seu pescocinho. Te amo demais, companheira!

PS – Luna teve de ser sacrificada três meses depois que escrevi sobre ela.

Aos 17 anos publicava minhas crônicas no extinto jornal Diário Popular. Foi assim e enquanto eu era redatora do extinto Banco Auxiliar, um porre! Depois me dediquei às filhas. Tenho duas, Paola e Isabella. Fiz comunicação social. Mas acho mesmo que sou autodidata. Meu nome é Helena e escreverei aqui às quartas-feiras.

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