Cinema

Lista de filmes: 50 Tons de Cinza e o cinema erótico contemporâneo

50 Tons de Cinza no Telecine

Filmes como 50 Tons de Cinza existem aos montes, mas são poucos o que equilibram sensualidade com qualidade narrativa 

Desde a semana passada, com a estreia nos cinemas brasileiros do mega sucesso literário 50 Tons de Cinza, que o cinema, ou melhor, os filmes com teor mais sexual, viraram tema de conversas e comparações. De imediato vieram as comparações com Nove e Meia Semanas de Amor, clássico de 1986 que trazia Kim Basinger no papel de sua. Aquela famosa cena do gelo, deslizando sobre o seu corpo, inclusive, foi reproduzida parcialmente em 50 Tons de Cinza.

Mas desde os anos 2000 para cá que o cinema vem apresentando filmes com temáticas, ou sequências erotizadas, algumas bem mais até que o próprio 50 Tons de Cinza. O primeiro a se destacar talvez seja o mais explicito, por conter cenas reais de sexo entre os atores. Falo do alternativo que um dia será Cult 9 Songs (9 Canções).

9 Canções
Na história em questão, Matt, vivido pelo ator Kieran O’Brien, conhece num show Lisa, uma jovem estudante americana, interpretada pela então atriz em ascensão Margo Stilley. Eles logo se apaixonam, vivendo um intenso relacionamento amoroso/sexual entremeado por vários shows que acompanham. O filme foi bastante controverso na época de seu lançamento, devido unicamente ao seu conteúdo sexual, que inclui ai uma sequência, não simulada, de relações sexuais e sexo oral, bem como uma cena de ejaculação, entre os dois atores. É fato que depois desses papeis os dois atores sofreram (e ainda sofrem) muito para conseguir bons projetos profissionais.

Outra obra interessante, que surgiu dois anos antes de 9 canções, foi o drama indie reflexivo Ken Park.

Ken Park
O filme gira em torno de um pequeno grupo de skatistas, sendo que todos eles possuem pais abusivos e vivem em constantes abusos. O filme se passa na cidadezinha de Visalia, no estado da Califórnia. É curioso que Ken Park (tal como 9 Canções), foi considerado um filme vazio, que se tornou famoso por causa das cenas de sexo. É interessante observar, entretanto, que esse vazio acaba sendo muito mais um vazio dos personagens, e de todo um contexto, do que um vazio narrativo.

Ken Park, se você prestar bastante atenção, oferece um bom material para se entender as gerações atuais, formadas por jovens cada vez mais confusos existencialmente.

Outro filme que fez bastante sucesso comercial e apresentou ao mundo uma das mais belas mulheres da atualidade foi Os Sonhadores, de Bertolucci.

Os Sonhadores
No caso de Os Sonhadores, o sexo é uma representação da liberdade vivenciada pelos três personagens centrais, vividos pelos atores Michael Pitt, Louis Garrel e a linda Eva Green. O filme é de 2003, mas a ambientação é 1968, em um dos momentos mais importantes da história francesa. Aqui o sexo e o cinema se intercalam, pois eles, como cinéfilos, em vivendo em uma das cidades mais cinematográficas do mundo, fazem questão de unir tais paixões: o amor pelo cinema e a liberdade sexual.

Um filme obrigatório, bonito, inteligente, e que de bônus te leva para uma experiência das mais excitantes da sétima arte.

Outro filme obrigatório, que além de mexer com a libido, traz uma relevante mensagem por trás é Assunto de Meninas.

Assunto de Meninas
O filme é de 2001 e é uma espécie de bandeira para a comunidade cinéfila LGBT, pois a trama veste de um modo sublime a camisa da diversidade sexual. E faz isso com competência, de forma inteligente e extremamente atraente. O filme fala da amizade entre três moças adolescentes (interpretadas pelas lindas Mischa Barton, Piper Perabo e Jessica Paré) e de seus relacionamentos no internato onde estudavam. De uma bela amizade nasce uma paixão e a partir de então a história mescla cenas de amor plasticamente lindas (e bastante sensuais) com sequência dramáticas, sobretudo para tratar da intolerância, do pré-conceito e da luta pelos direitos homo afetivos.

Um filme que equilibra bem cenas sensuais, algumas de tirar o fôlego, com cenas dramáticas. Belo e relevante.

Outro filme que explora uma relação homossexual, mas sem levantar bandeira alguma é o ótimo Meu Amor de Verão.

Meu Amor de Verão
O filme (de 2004) se passa no interior de Yorkshire (Inglaterra), onde Mona (Natalie Press), uma garota trabalhadora que se interessa por atividades masculinas, conhece a exótica e mimada Tasmin (a linda e sexy Emily Blunt). Na chegada do verão, as duas jovens descobrem que tem muito mais que aprenderem e explorarem juntas.

As cenas de amor entre as duas garotas são muito bem produzidas e por isso o efeito em quem assiste é devastador. Emily Blunt, que a partir daí alçou vôos mais altos na sua carreira e conquistou Hollywood, sendo hoje considerada uma das mais respeitadas atrizes de sua geração, está maravilhosa em Meu Amor de Verão.

Claro que existem outros filmes que retratam, até melhor, a sexualidade no cinema contemporâneo. Shame, Azul é a Cor Mais Quente, Lucia e o Sexo, Um Quarto em Roma, Ninfomaníaca e alguns outros. Porém, como são filmes mais famosos, acredito que muitos aqui já assistiram.

E voltando a falar de 50 Tons de Cinza, é difícil saber em que lugar da história do cinema ele irá se inserir. Mesmo com algumas sequências sensuais, o filme acabou abrandando muito a atmosfera carregada do livro. Se o filme tivesse uma adaptação integral, provavelmente a história estaria hoje no grupo de filmes mais picantes das últimas décadas.

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