Literatura

Literatura: Diálogos Inesperados Sobre Dificuldades Domadas – Elenilson Nascimento

Foto Jair Martins

“O autor não só proporciona um vislumbre das reflexões do autor nos dias de hoje, como também revela mais um pouco sobre a sua tristeza e as dinâmicas internas.”

Uma das melhores resenhas sobre o livro “Diálogos Inesperados Sobre Dificuldades Domadas”, de Elenilson Nascimento, feita pelo leitor Robson Matarazzo (Rio de Janeiro – RJ). Sensacional quando percebemos quanto a literatura é importante na vida de muitas pessoas, que o cidadão da nossa líquida sociedade moderna — e seus atuais sucessores são obrigados a amarrar um ao outro, por iniciativa, habilidades e dedicação próprias, os laços que porventura pretendam usar com o restante da manada. Desligados, precisam conectar-se…

E respondendo aos questionamentos do resenhista sobre o seu papel na literatura, Elenilson respondeu: “Nenhuma das conexões que venham a preencher a lacuna deixada pelos vínculos ausentes ou obsoletos tem, contudo, a garantia da permanência. De qualquer modo, eles só precisam ser frouxamente atados, para que possam ser outra vez desfeitos, sem grandes delongas, quando os cenários mudarem — o que, na modernidade líquida, decerto ocorrerá repetidas vezes. E escrevo para sobreviver!” Segue abaixo a resenha do livro:

“Já não é novidade para ninguém que eu e o meu blog nutrimos um amor (quase sexual) por Elenilson Nascimento. É obvio que um dos motivos é o fato de ele ter inspirado diretamente e indiretamente essa página do meu blog sobre livros e tantos outros textos, além da minha escolha no curso de Letras na universidade. Mas outro ponto é que Elenilson sempre nos surpreende: a cada livro que lemos, compreendemos a magnitude de sua criatividade e o motivo de ter influenciado jovens à ler pelo Brasil. E nossa resenha hoje é sobre o livro “Diálogos Inesperados Sobre Dificuldades Domadas”, obra lançada no ano de 2005 e relançado agora.

De início, já digo que esses “Diálogos Inesperados…” é um livro para quem já entende no mínimo o básico sobre os textos de Elenilson. “Então quer dizer que se eu não souber o que é corrupção, solidão, malandragem, decepção, não posso ler o livro?” Sim. E se ler, vai entender bem pouco. Pois bem, por quê? A questão é que Elenilson criou um universo realmente muito complexo e completo – mesmo que o assunto seja comum de todos nós que vivemos nesse país cada vez mais perdido no próprio fracasso. Em suas histórias, você tem narrativas citadas que realmente aconteceram, formando uma cronologia enorme.

O livro é dividido em duas partes: “Gritos Fora da Estação” com 13 contos de Elenilson, e “Amélia Incinerada” com 13 crônicas assinadas pela coautora Anna Carvalho. Nesse livro, o leitor pode acompanhar de perto os pensamentos e emoções dos dois autores, independentes da sua linha literária. O conto “A luz, o assobio e o vento”, de Elenilson, por exemplo, não só proporciona um vislumbre das reflexões do autor nos dias de hoje, como também revela mais um pouco sobre a sua tristeza e as dinâmicas internas.

Com esse livro, descobrimos como é a vida de autores num Brasil que não gosta (e não valoriza) de leitura antes da competição dos livros chegarem às livrarias, suas expectativas e inseguranças, assim como suas primeiras impressões quando as opiniões chegam. Agora, os autores, sendo mais específicos nesses enredos, mostram um livro único. Mesmo sendo contos “independentes” um do outro, eles seguem uma sequência lógica, e já de início podemos nos deparar com a meiga e valente história do “Peixinho que queria voar”. Nas sequências, os textos se revelam tão maduros e viscerais, mas não menos importante. E nos outros arcos temos várias outras histórias…” Viva a literatura brasileira!

Shares: