“Hyènes”: obra-prima de Mambéty em cartaz nos dias 7 e 9/06
Um dos destaques da 7ª Edição do Festival Internacional de Cinema de Curitiba “Olhar de Cinema”, as retrospectivas do cineasta francês Jean Rouch e do realizador senegalês Djibril Diop Mambéty propõem um diálogo poético e sempre imaginativo sobre o real. Evento acontece de 6 a 14 de junho
“O desejo de reproduzir a realidade nos filmes do sr. Lumière deixava a porta aberta para a imaginação (…). A um desejo muito sincero de copiar a realidade, sem adicionar ou remover qualquer coisa, tínhamos como resultado final a criação de um mundo, um mundo que existe na realidade, mas que também existe, talvez ainda com maior poder, na imaginação”. Jean Renoir
Por Adolfo Gomes
Antes, acreditava-se que o cinema poderia nos fazer viver melhor. Nem todos abandonaram essa utopia, perderam a fé. É o que nos sinaliza, entre outras esperanças, a curadoria da Mostra “Olhar Retrospectivo”, dedicada a Jean Rouch e Djibril Diop Mambéty, no âmbito da 7ª Edição do Festival Internacional de Cinema de Curitiba, em cartaz de 6 a 14 de junho na capital paranaense.
A cargo do crítico de cinema e programador Aaron Cutler e da pesquisadora e produtora Carla Italiano, a seleção de filmes dos dois grandes realizadores propõe um estimulante diálogo entre filmografias permeadas pela força evocativa da imaginação diante do real, pela sensibilidade e potência de promover encontros, mas, sobretudo, pela riqueza dos regimes de representação empregados. Para falar sobre a pertinência das fronteiras entre ficção e documentário, as invenções formais e o legado poético e humano de Rouch e Mambéty, conversamos com os dois curadores, que antecipam algumas questões a serem também abordadas e desenvolvidas nas mesas de debates e bate-papos com o público, previstos na programação do Festival, como essenciais complementos às projeções.
Parece cada vez mais anacrônica essa divisão entre o documentário e a ficção. Vocês ainda acreditam nesta fronteira? E de que maneira as obras de Jean Rouch e Djibril Diop Mambéty contribuem para refletir, hoje, sobre essa questão?
Carla Italiano: Por mais que essa separação possa parecer datada, ainda me parece instigante pensar em documentário e ficção como modos distintos de enunciação, reveladores de potências cinematográficas em diferentes tons e graus. Sabemos que essa dicotomia já foi extensivamente investigada; com a semiologia do cinema e os debates que marcaram a passagem entre 1960/1970 tornou-se corrente afirmar, para citar Christian Metz, que “todo filme é um filme de ficção”, ou seja, que não haveria diferença já que há sempre construção, e ambos seriam discursos que se utilizam de artifícios para criar diferentes “versões” da realidade. Por mais que essa leitura proceda e tenha embasado análises interessantes ao longo dos anos, me parece importante não cairmos numa seara de generalizações que sublinha a indistinção entre ficção e documentário como sendo tudo a mesma coisa, obliterando que cada um desses regimes afirma formas distintas de agenciamento no cinema e na vida, seja em termos do posicionamento frente à realidade vivida, da relação entre quem está atrás e à frente das câmeras e as consequências muito concretas do filme na vida das pessoas, de modos de interação propostos ao espectador, etc.
Cada qual a seu modo, tanto Rouch quanto Mambéty criaram caminhos muito próprios de lidar com o cinema que, a meu ver, operam num duplo movimento tanto de investir em estratégias historicamente reconhecidas como sendo do documentário ou da ficção, quanto de uma criativa desconstrução do que caracterizou cada um desses regimes, da expectativa em torno deles e do tipo de filme que daí resulta. Nesse sentido, penso no trabalho de ambos cineastas com atores não-profissionais originários dos locais onde os filmes transcorrem, pessoas que encenam papeis muito enraizados no lugar onde vivem, ao mesmo tempo em que entregam suas memórias reais para a construção do filme. Lembro ainda de “A pequena vendedora de sol” (1999), o último filme de Mambéty, na forma com que ele costura com muita precisão e leveza registros documentais na periferia de Dakar, com seus espaços e sua dinâmica própria, e cenas da protagonista (que é deficiente física) em uma interação fantástica com outras crianças que também possuem deficiência, imprimindo sua vivência real àquela construção narrativa. Em Rouch esse movimento entre estratégias de enunciação é dotado de uma enorme liberdade, algo que está em todos os filmes da retrospectiva. A riqueza desses cinemas, para mim, está numa contínua mobilidade entre documentário e ficção sem se fazer refém de categorizações rígidas ou excludentes, e sim atravessando esses modos, inventando a cada vez os caminhos por onde seguir.
Aaron Cutler: Eu continuo achando estas distinções úteis, por fins que podemos chamar de ativista. É importante para certos filmes se apresentarem como documentários no interesse de mostrar que algo verdadeiramente existe frente às forças que querem apagá-lo do mundo. É importante para certos filmes serem entendidos como ficções no interesse de continuar a valorizar a imaginação como uma ferramenta poderosa no meio de um mundo cheio de forças que quer destruir ela. E, mesmo que vocês não tenham usado a palavra, eu acrescentaria um terceiro gênero, de experimental; como essencial para reconhecer no interesse de valorizar uma expressão pessoal que não se encaixa facilmente nas normas sociais pré-estabelecidas. Algo que valorizo muito, tanto nos filmes de Mambéty quanto nos filmes de Rouch, é a sensação que tenho deles serem artistas capazes de misturar os três gêneros dentro da mesma obra, sem perder as distinções. Quando assisto um filme destes realizadores, eu fico com atenção maior apontada para a realidade, para a imaginação, e também, para outras possibilidades.
A obra de Mambéty é pouco conhecida no Brasil. Apenas seu longa-metragem “Hyènes” e o média “La Petite Vendeuse de Soleil” circularam com maior regularidade no País, através de mostras do cinema africano organizadas pela Cinemateca da Embaixada da França. A musicalidade dos diálogos e uma mise en scène quase feérica, a despeito do registro predominantemente naturalista, me causaram forte impressão, a partir dessas obras. O que o público brasileiro pode esperar desse primeiro contato, mais amplo, com a poética de Mambéty?
AC: Espero que as pessoas tenham primeiros contatos tão lúcidos, impactantes e eloquentemente elaborados com o cinema de Mambéty como os seus foram. Fora isso, posso falar da minha própria experiência de ver “A viagem da hiena” (1973), em que eu fiquei chocado com a plena sinceridade emocional oferecida dentro de uma experiência que me pareceu esteticamente completa. As obras de Mambéty, para mim, não são filmes para quebrar o coração diretamente. São filmes para encher o coração até o ponto de quebrar, e depois, se curar para poder viver melhor.
CI: É muito interessante pensar na mostra como a possibilidade de apresentar a filmografia quase completa de Mambéty ao público brasileiro. Uma obra tão complexa e questionadora, que apresenta um pioneirismo particular em cada um dos (poucos) filmes que a compõe – precursores de uma aguçada experimentação formal sonora e imagética, responsáveis por influenciar de modo crucial o cinema senegalês e quebrar expectativas em termos de linguagem ao fazer algo completamente distinto do que perseguiam outros mestres do cinema africano (a exemplo de seu compatriota Ousmane Sembène). Vejo esse pioneirismo também na abordagem direta das mazelas da sociedade senegalesa pós-colonial, sem fazer concessões ou retratá-la sob uma perspectiva condescendente, questionando-a como só alguém de dentro poderia fazer, ecoando questões que concernem todo o continente. E destacaria ainda a confluência entre frentes de criação artística em seus filmes, o que pode ser encarado como um reflexo da pluralidade de sua persona que convergia cineasta-poeta-orador-músico e mais um bocado de coisas.
“Caça ao Leão com Arco”,de Jean Rouch: atração do Festival “Olhar de Cinema” dias 8 e 9/06
É grande a influência de Jean Rouch no movimento de renovação da linguagem cinematográfica do final dos anos 1950 e 60. Desde a Nouvelle Vague francesa – podemos citar a liberdade formal dos travellings e a ruptura representada pela inserção dos jump-cuts nos planos-sequências, entre outras “transgressões – até os chamados Ateliers Varan, que promoveram a formação de cineastas em países de pouca tradição cinematográfica, também estimulando a produção em grupos étnicos minoritários. Neste sentido, diante da obra de Rouch – e para além do cânone histórico – quais traços de comunicação mais direta com a contemporaneidade destacariam?
AC: Acho que vale a pena dizer que Jean Rouch é, sim, parte do cânone, e que nós não devemos odiar os cânones, pois eles existem para nos ajudar a pensar melhor, especialmente na formulação do pensamento crítico. Também acho que vale a pena dizer que Rouch deve estar muito mais dentro do cânone do que ele é atualmente. Mesmo que muitas pessoas conheçam seu nome, relativamente poucos de seus filmes são disponíveis em DVD, e as chances de vê-los no cinema, ou até fora da sala de aula, são raras. É por parte deste motivo de raridade, por exemplo, que muitas pessoas não sabem que Rouch tem um grande senso de humor, e que os filmes dele são frequentemente bastante prazerosos nas maneiras originais em que eles compartilham grandes aventuras com o espectador, mesmo se as aventuras são de natureza cotidiana por seus protagonistas. Também, o carinho nos filmes é bastante subvalorizado, a maneira pela qual Rouch se aproxima aos seus objetos de estudo com bastante generosidade e calor emocional. Os filmes são muito mais do que parte de uma escola ou de um gênero – são uma visão do mundo e de seus habitantes, expressada através do cinema, que utiliza as capacidades do meio com muito conhecimento e habilidade.
Foi por isso, por exemplo, que Pedro Costa fez referência às colaborações de Rouch com o curandeiro tradicional Damouré Zika quando o entrevistei, em inglês, sobre seu trabalho com Ventura em “Cavalo Dinheiro “(2014) e em outros filmes (https://www.cineaste.com/summer2015/horse-money-pedro-costa-aaron-cutler/). É por isso que o realizador americano Ben Russell cita os trabalhos de Rouch como referência chave por suas próprias colaborações com nativos de Suriname, e inclusive, acho muito possível ver ligações diretas entre o filme “Jaguar” (1967), de Rouch, e o novo filme de Russell, “Boa Sorte” (2017), que faz parte da “Olhar Competitiva” este ano. Ao meu ver, a mais positiva influência de Rouch sobre o cinema contemporâneo não se trata de técnica em si, mas de como usar a técnica de cinema para se aproximar melhor das outras pessoas e evidenciar uma humanidade comum. Há um outro novo filme na “Olhar Competitiva” que foi produzido com o apoio dos Ateliers Varan, e nesta linha, acho significativo que o documentário “Fabiana” (2018), de Bruna Laboissière, não é apenas um dos melhores filmes brasileiros do festival, mas também, um dos mais íntimos e humanísticos.
CI: Como você bem aponta é inegável a influência de Rouch para um capítulo extenso da história do cinema no século passado. Acho que a inventividade única de seu cinema permanece largamente inspiradora para as novas gerações de cineastas, especialmente na postura tomada em relação às pessoas filmadas, da relação estabelecida com elas no sentido de uma criação conjunta e coletiva, em que o processo de feitura transparece na obra final com igual (ou maior) importância que um conjunto de diretrizes, previamente, estabelecido, na crença de seus filmes no potencial revelador e criativo das palavras. Esses são alguns dos pontos que vejo fortemente no documentário feito no Brasil nas últimas décadas e me parecem devedores de uma contribuição propriamente “rouchiana” ao cinema. E se a mostra possibilitar um encontro entre Rouch e jovens que não conheciam sua obra, então a retrospectiva já foi muito bem-sucedida em sua proposta.
“Pouco a Pouco”: as estranhezas da vida francesa através do olhar de imigrante africano
É quase um mantra godardiano, nos últimos filmes principalmente, a assertiva: “a realidade é o refúgio dos que não têm imaginação”. Penso nos irmãos Lumière, em Renoir definindo o primeiro cinema como uma “realidade imaginada”. Em que medida, a revisão do cinema de Rouch reforça ou coloca em questão essa força subjacente da imaginação, sobretudo na busca pelo registro do real?
CI: Certo grau de imaginação está sempre lá, intrincado no real, independente se o termo mobilizado for documentário ou ficção. Penso nos filmes do início da carreira de Rouch categorizados como etnográficos, “Os mestres loucos” (1955), por exemplo (que exibiremos na mostra). Há uma forte carga poética no texto do realizador em voz over, que complexifica a postura de um observador aparentemente distanciado ao se colocar subjetivamente em primeira pessoa, questionando com sutileza a expectativa de uma simples “tradução” antropológica. No entanto, a situação retratada pelo filme – um ritual de possessão – já demonstra por si só uma enorme carga de recriação da realidade, ao incorporar ao ritual não apenas deuses ancestrais mas personagens modernos do poder colonial britânico, como o general, o capitão, a rainha da Inglaterra, etc. Com isso, a própria realidade filmada escancara o fato de que imaginação e real sempre andaram de mãos dadas em um processo contínuo de reinvenção. Esse exemplo é instigante para pensar como os filmes de Rouch nos mostram, com grande maestria, que a complexidade do cinema reside em não tentar separar uma coisa da outra.
AC: A sua pergunta me faz pensar: O que significa “etnografia”? Me parece que muitas pessoas acham que a palavra se refere aos estudos básicos e clínicos que tratam as pessoas como simples animais. Mas para Rouch, a palavra significou um processo que foi simultaneamente um confronto e um abraço. Ele buscou entender as pessoas, por dentro e por fora, em sua totalidade. Isto implicou um mínimo de três camadas de atividade: Deixar as pessoas descrever as suas vidas para ele; observar as pessoas com um olhar crítico enquanto elas fizeram as descrições; e observar ele mesmo com um olhar crítico ao mesmo tempo em que ele também estava registrando eles. Em filmes como “Eu, um negro” (1958) e “A Pirâmide Humana” (1961), os resultados são tocantes em seu poder de transmitir emoções universais justamente através de um reconhecimento aberto do apelo do dispositivo cinematográfico. E, nesta linha, acho que há poucas sequências mais lindas no cinema do que a passagem em “A Punição” (1962) que consiste numa conversa entre a jovem francesa Nadine e o jovem Landry, de Costa de Marfim, cada um tentando entender as experiências do outro enquanto eles andam dentro do Museu do Homem, em Paris, frente à uma câmera de cuja existência os dois estão cientes.
Rouch e Mambéty poderiam, a grosso modo, representar o cinema africano no seu movimento entre o colonialismo e a libertação, entre a mediação e a voz autônoma. Evidentemente, que Rouch nunca teve esse olhar colonialista, mas, de certa forma, representou uma espécie de embaixador do cinema africano no Mundo, num determinado período. No entanto, me parece ser uma das linhas de força da filmografia de Rouch, justamente desconstruir essa ideia “etnográfica”, pura e simples, da aproximação e tradução de uma outra cultura. Como vocês encaram essa tensão, cada vez mais discutida, entre o olhar exterior e a expressão nativa? Como Rouch e Mambéty se inserem nessa discussão a respeito da legitimidade da representação de um país ou de um povo no cinema?
AC: Sabemos que existia uma indústria cinematográfica egípcia, além de produções marroquinas e argelinas; e, antes dos primeiros filmes de Rouch, foram realizadas obras no Oeste da África. Sabemos, também, que o Rouch colaborou com vários artistas africanos notáveis, que, subsequentemente, tornaram-se cineastas, como Oumarou Ganda (ator em “Eu, um negro”) e Safi Faye (atriz em “Pouco a pouco”, de 1969), e também, diretamente inspirou cineastas africanos mais jovens como Sani Magori, do Niger, um país cujo ramo cinematográfico deve muito a Rouch – e onde ele morou por décadas. Acho fundamental que Mambéty e outros grandes cineastas africanos de sua geração (por exemplo, Med Hondo, Ousmane Sembène e a francesa Sarah Maldoror) começaram a fazer filmes mais de uma década após a chegada de Rouch no cinema, devido aos caminhos que ele ajudou a abrir. O Rouch não foi um pioneiro ao mostrar que era possível fazer filmes na África, pois isto já tinha sido mostrado. Ao meu ver, o que ele fez de um jeito revolucionário foi mostrar, com repercussões inéditas, que representações cinematográficas de experiências africanas, realizadas com a participação ativa dos próprios africanos, poderiam ressoar em espectadores ao redor do mundo. Mambéty continuou nessa linha de um jeito maravilho e particular. E algo que deve ser observado sobre os dois realizadores, é que eles nunca perderam o elemento de auto-crítica em suas obras, mesmo nos momentos mais empolgantes dos filmes. Os cineastas buscaram mostrar experiências universais, e também, apontaram olhares particulares por trás delas. Assim, eles entregaram para os espectadores de seus filmes, representações da África, junto com ferramentas para questioná-las e, em vários casos, inspiração para os espectadores criarem as suas próprias representações como resposta.
CI: De acordo!
Penso que há pouca ancestralidade nos filmes brasileiros contemporâneos, de uma maneira geral. Rouch e Mambéty parecem, ao contrário, articular suas poéticas em torno de um olhar ancestral sobre a realidade. Vocês concordam com esse enunciado? Se sim, imagino que a importância do contato com a obra desses dois realizadores se reveste de ainda maior importância…Se não, o que as novas gerações de realizadores no Brasil têm acrescentado a esse caminho aberto por Rouch e Mambéty, uma vez que nosso país é praticamente uma extensão do continente africano…
AC: Posso citar três grandes cineastas brasileiros que valorizam a noção de ancestralidade: Ozualdo Candeias e Rogério Sganzerla são representados com filmes na mostra Clássicos em Olhar de Cinema este ano, e também, o novo filme de Carlos Adriano está presente em Exibições Especiais. Posso também citar o nome do recém-falecido Nelson Pereira dos Santos, com “O Amuleto de Ogum” (1974) geralmente sendo o primeiro filme dele que entra na minha cabeça. O Brasil é um país formado por tantas heranças que vários passados podem ser invocados. E assim, nos parece bem brasileiro a ideia de uma retrospectiva dupla cujas linhas distintas de herança entrecruzam em relação à terra comum.
Mas um encontro com a obra de um grande realizador é sempre um encontro ancestral – Chantal Akerman, Janie Geiser, Howard Hawks, Jerry Lewis, Jean-Marie Straub e Isao Takahata são mais dos artistas diversos representados no “Olhar de Cinema” este ano, que valorizam o passado e tentam registrá-lo, enquanto existe para ser registrado. Esperamos queos espectadores do festival venham ver os filmes de Mambéty e de Rouch, iguais em qualidade aos filmes dos mestres citados, e absorver as lições e os mistérios particulares das obras a partir daí.
CI: Concordo com Aaron na resposta e nas referências. E destacaria mais um filme dentre os que integram a programação do Olhar esse ano: “O Nó do Diabo” (2017), trabalho assinado coletivamente por Ramon Porto Mota, Ian Abé, Gabriel Martins e Jhésus Tribuzi, que endereça questões do passado/presente escravocrata da sociedade brasileira e o faz ao evocar traços de uma ancestralidade de matriz africana que vem batalhando ao longo dos séculos para permanecer viva.