Leonardo DiCaprio seen on location for “The Wolf of Wall Street” on September 25, 2012 in New York City. (Photo by James Devaney/WireImage)
Filme estrelado pelo ator Leonardo Di Caprio foi um dos grandes destaques do cinema em 2013 e mostrou um Martin Scorsese como nos velhos tempos subversivos
A HBO preparou uma série de estreias no cinema para o mês de junho e certamente um dos destaques é o filme O Lobo de Wall Street, que será exibido no próximo dia 13 de junho, às 22 horas.
Trama
Durante seis meses, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) trabalhou duro em uma corretora de Wall Street. Quando finalmente conseguiu ser contratado como corretor da firma, acontece o Black Monday, que fez com que as bolsas de vários países caíssem repentinamente. Sem emprego, ele acaba trabalhando para uma pequena companhia que lida com papéis de baixo valor e tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos, mas o retorno é mais vantajoso. Ao lado de Donnie (Jonah Hill) e outros amigos, ele cria uma empresa que faz com que todos enriqueçam rapidamente, mas seus métodos não são totalmente legais e isto o levará a enfrentar problemas com a lei.
Crítica
Por João Paulo Barreto
Com uma estrutura bastante semelhante a do seu jovem clássico Os Bons Companheiros, Scorsese apresenta seu protagonista em sua entrada no mundo ambicioso do mercado de ações. Ambientado nos anos 1980, em plena febre estadunidense da cocaína (Mark Hanna, personagem de Matthew McConaughey em seus breves e hilariantes minutos em cena, demonstra bem o uso indiscriminado da droga em um restaurante), Jordan é como Henry Hill: deslumbrado e ambicioso, ele vê sua ascensão rápida naquele universo como algo infinito, mas a cada atitude desregrada, percebemos sua derrocada dobrar a esquina e se tornar cada vez mais próxima.
Scorsese apresenta em O Lobo de Wall Street não apenas a saga da derrocada de um homem (como já fez em diversas películas). Não. Aqui ele decide ir mais a fundo. Aqui, a ideia é meter o dedo na ferida e mostrar todo o excesso que a combinação de grana, pó, pílulas e ócio podem criar. Donnie Azoff (Jonah Hill) se masturbando em público já está entre as cenas mais surreais e insanas de 2013. Orgias, drogas consumidas de locais não muito comuns em filmes e um DiCaprio que parece ter se entregado ao papel da maneira mais insana e, ao mesmo tempo, cômica e trágica possível. Quando vemos Jordan com paralisia cerebral momentânea por ter ingerido uma quantidade exorbitante de calmantes vencidos, podemos até rir, afinal, a cena é hilária. Mas acabamos por fazê-lo com os dentes meio trincados, rindo, mas balançando a cabeça em reprovação ao tentar concluir o que há de errado com aquele rapaz. Sem muito sucesso, saliento.
Com a inserção da versão frenética dos Lemonheads para Mrs. Robinson em um dos momentos conclusivos da trajetória de crimes financeiros do bando, gosto de acreditar que Scorsese pensou em ilustrar toda a ingenuidade daqueles jovens inconsequentes e remetê-la à mesma do casal adolescente a fugir no final de The Graduate: torcendo para que desse certo todo aquele plano ousado, mas sabendo que seus dias de liberdade estavam contados.
Imaginando como funciona a mente cinéfila do diretor, é muito provável que a referência seja essa mesma.
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