Alê Abreu
Diretor de O Menino e o Mundo fala sobre as dificuldades de realização e a indicação do filme ao Oscar de Animação
Por Phillippe Watanabe
A resposta para essa pergunta não parece ser difícil para o diretor de O Menino e o Mundo. Alê Abreu acredita na identidade da animação brasileira. “Esse exercício de encontrar o que é […] ser um animador brasileiro, o que ser um cineasta de animação do Brasil”.
A recente visibilidade internacional sobre o cinema brasileiro de animação, iniciada com Uma História de Amor e Fúria, desemboca agora na indicação de O Menino e o Mundo ao Oscar.
A trajetória do Menino (como carinhosamente Alê Abreu chama seu filme), que culminou com a indicação à premiação máxima do cinema comercial, foi árdua. Segundo o diretor, o custo foi de aproximadamente “1,5 milhão de reais e muito sangue”. O esforço de anos empreendido pela equipe, com as pessoas, inclusive ele mesmo, tendo que se desdobrar em várias funções, é sempre lembrado e destacado por Alê. Esse, inclusive, seria outro ponto que diferencia a animação. “O meio de construção desse filme já é a mensagem dele”.
O atual reconhecimento internacional serve também para mostrar um antigo problema do cinema brasileiro: a distribuição. Enquanto no Brasil, após grande esforço da equipe para manter o filme em cartaz em poucas salas, o público chegou a 35 mil espectadores, na França a animação foi lançada em 90 salas, alcançando 120 mil pessoas.
Mesmo com os problemas da área, Alê Abreu não parece pensar em parar por aqui. O diretor já desenvolve a sua próxima animação – Os Viajantes do Bosque Encantado –, uma história sobre a dificuldade de firmar uma amizade perante as diferenças culturais.
A premiação do Oscar acontece dia 28 de fevereiro. Ganhando ou não, uma coisa é certa: o Menino já rodou e conquistou o mundo.
Phillippe de C. T. Watanabe é estudante de Comunicação da UNICAMP e correspondente do site em São Paulo