Cinema

Os Pinguins de Madagascar: diversão quase garantida

Os Pinguins de Madagascar

Animação tinha tudo para ser uma das boas surpresas do ano, mas diverte somente em alguns momentos da confusa história

Por Luis Fernando Pereira

Não é muito difícil construir um filme estrelado pelos pinguins Capitão, Kowalski, Rico e Recruta que seja absurdamente divertido. Isso porque os quatro personagens que ganharam destaque na franquia Madagascar e foram agraciados com uma série de televisão própria são bastante divertidos, independente do que façam.

Mas mesmo assim, com tudo contando a favor, o resultado final de Os Pinguins de Madagascar, animação que estreou nos cinemas brasileiros semana passada, é um tanto insatisfatória. Os principais problemas residem no roteiro, bastante confuso, e nos personagens secundários, que não possuem força para manter o nível de qualidade durante todo o filme.

História
A animação narra o momento em que os pinguins Capitão, Kowalski, Rico e Recruta começam a formação de uma tropa de elite no reino animal. O início do filme serve como uma espécie de reboot, onde somos apresentados aos pinguins ainda bebês, e ao rito de iniciação do personagem Recruta, o último elemento a entrar no grupo.

Eles são capturados em uma missão que tinha como objetivo presentear o pinguim caçula em seu aniversário. Porém, eles são pegos pelo temido Dr. Otavius Brine, que se sentiu prejudicado pelos quatro no passado. Eles agora terão que impedir o plano do vilão de se vingar dos pinguins do mundo todo e, para isso, terão que juntar forças com uma especializada agência de espiões.

Problemas
Vamos falar primeiro dos pequenos problemas do filme: a ausências dos outros personagens da série de televisão (Rei Julien XIII, Maurice, Mort e Marlene) é bastante sentida e é realmente uma pena que eles não tenham participado do filme de alguma forma; o vilão, Dr. Otavius, acaba não convencendo, e olha que não precisaria de muito esforço para dar sentido à sua existência. Somente em alguns momentos, como na chamada via Skype, que ele acaba proporcionando algum sorriso no espectador.

O roteiro, bastante tecnológico e voltado para guerras e afins dá o tom de confusão da história. Sabemos que os pinguins são exímios espiões, e é este o motivo de tanto gostarmos de suas história na série. Porém, na série o universo retratado é o zoológico de Nova York e os lugares que ficam ao redor da cidade. Fica mais crível e menos grandioso, o que garante a diversão da história. No filme, construíram toda uma parafernália tecnológica, com exércitos e monstros, o que seria mais adequado em um desenho de super-heróis mutantes, e não em um filme com pinguins adoráveis.

Pinguins
Ainda assim, somente a presença dos quatro já faz valer a pena uma ida ao cinema. É incrível como os quatro são personagens cativantes e cada um com suas características pessoais (nisso o roteiro e os criadores estão de parabéns) fazem o espectador saber diferenciar exatamente um pinguim do outro.

E para a criançada a animação acaba sendo um prato cheio, pois há ação, algumas tiradas engraçadas e efeitos que dão algum sentido ao uso do 3D. Não há porque não levar as crianças para verem Os Pinguins de Madagascar, já que ele em tese possui tudo que a meninada gosta de ver no cinema. Quem já é mais grandinho, e conhece um pouco dos elementos que dão vida ao cinema, irão perceber estas falhas que mais parecem consequências de uma preguiça em fazer uma animação de qualidade satisfatória.

E se os personagens secundários não seguram o filme, os quatro pinguins principais são shows à parte. É sempre uma alegria revê-los, seja no filme Madagascar, seja em sua série de televisão, seja neste filme, que pode até ter ficado aquém do esperado, mas que ainda garante uma boa diversão aos fãs dos adoráveis pinguins.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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