Coluna da jornalista Camila Botto sobre tudo que acontece no mundo televisivo
Sexo gay em Liberdade, Liberdade
André (Caio Blat) e Tolentino (Ricardo Pereira) vão protagonizar a primeira cena homossexual da teledramaturgia brasileira. A cena irá ao ar na próxima terça-feira (12) em Liberdade, Liberdade, trama das 23h da Globo.
A relação deles não é só fruto de uma parceria. “A história deles não se resume a um beijo. O que eles sentem um pelo outro pode ser visto ao longo da trama, um sentimento que vem sendo explorado dentro do que se podia viver perante a sociedade naquela época, dentro do que ensinaram para eles que é certo ou errado. Esse crescente da relação é visível. O amor que existe ali é lindo e traz muito do que a novela defende: a luta contra o preconceito, contra a intolerância e pela igualdade entre todas as pessoas”, diz Ricardo Pereira.
Liberdade, Liberdade
“A proposta de desenvolvimento da história entre os dois é de discutir o preconceito, de debater a intolerância, e isso terá um fechamento surpreendente. Trazemos a história de duas pessoas que tem sentimentos, mas não podem vivê-los, pois este é um período em que as relações do mesmo gênero eram proibidas por lei. No início, Tolentino e André começam a conversar e percebem que tem diálogo entre eles. São dois homens solitários, que vivem seus próprios – e diferentes – conflitos. Com o tempo, a atração começa a existir, mas os dois resistem muito a ceder ao que sentem um pelo outro, pois nesse período esse tipo de relação é chamada sodomia, crime passível de morte. Até que o amor entre eles fala mais alto”, afirma Mario Teixeira.
Após Tolentino sofrer mais uma humilhação do Intendente, André cuida do amigo: “O Intendente vive a me espezinhar. Trata-me como a um cão”. Logo depois, declara o quanto André significa em sua vida: “Tenho um só amigo. Você, André. Que é sensível. Capaz de entender os mistérios da vida. As voltas que o mundo dá. As surpresas que a vida nos reserva”. Tolentino lembra que o próprio André falou que todos têm uma segunda natureza e André completa: “Mas não para sempre”. O Coronel concorda.
Nesse momento, os braços dos dois se envolvem e, desse abraço, do olhar que atravessa a alma de ambos, os dois se entregam ao sentimento contido. “A cena, creio eu, deve ir além do desejo represado, da relação homossexual destes dois personagens. Ela deve refletir o drama de cada pessoa que sofre algum tipo de repressão ou condenação social, seja por sexo, cor, religião ou qualquer outra forma de segregação”, esclarece Vinícius Coimbra, diretor artístico da novela.
Na boa? Estou amando o forninho da “tradicional família brasileira” assando!
Formada em jornalismo com pós-graduação em mídias digitais, Camila Botto é colunista do Cabine Cultural, editora-chefe do Feminino e Além, autora do livro Segredos Confessáveis e sócia da Dendê Cult Press.