Que fim levou Juliana Klein
Vencedor do Prêmio Sesc e do Prêmio São Paulo com seu primeiro romance, Marcos Peres usa aforismo de Nietzsche como base de sua nova trama policial
Unir romance com filosofia é trabalho dos mais difíceis para se realizar, já que conseguir falar de filosofia sem cair no simplismo não é tarefa das mais fáceis. O escritor Marcos Peres, que apareceu pela primeira vez na cena literária nacional em 2013, como vencedor do Prêmio Sesc de Literatura, com o romance O evangelho segundo Hitler (Record), acaba de lançar seu novo trabalho com esta proposta em mente.
Ele lança seu segundo romance, Que fim levou Juliana Klein?, um thriller elaborado, com idas e vindas no tempo, no qual ele esmiúça a guerra entre duas famílias alemãs que dividem o meio acadêmico curitibano e avança por embates filosóficos, romances, traições, suicídios, assassinatos e os conflitos de um delegado. O livro é uma publicação da Editora Record.
No seu novo romance ele buscou na obra do alemão Friedrich Nietzsche as referências que serviram de base para o enredo.
“Borges e Nietzsche serviram como muletas argumentativas – ainda que desvirtuadas. No entanto, o processo foi diferente. No ‘Evangelho’, Borges serviu não apenas como fagulha, como elemento propulsor do caos, mas também como personagem. No novo romance, fixei-me em um único aforisma de Nietszche. Por uma pequena ideia, o romance inteiro se desenrola. E, claro, não direi qual é esta ideia para não cometer um spoiler”, explica o autor.
História
Ambientado em Curitiba, cidade que tem um clima noir interessante, nas palavras de Peres, o romance se desenrola em três momentos temporais diferentes: 2005, 2008 e 2011, o presente da história. Em cada um deles, um assassinato ou desaparecimento invoca a presença do delegado Irineu de Freitas, que conduz a história tentando se entender em meio aos pensadores e filósofos das famílias antagonistas Koch e Klein.
Leia um trecho
“O futuro dependia dos escritos passados, disso Irineu de Freitas sempre soube. A pasta preta, fechada havia três anos, necessitava ser novamente aberta. Desde que assumira o caso, sabia da importância do sangue para as duas famílias, sempre convergentes e conflitantes. A pasta (preta por conveniência) continha anotações sobre nascimentos e casamentos e flechas que conectavam os sujeitos uns aos outros, ou aos fatos, e traços que uniam os objetos, os predicados, os acessórios… Os interrogatórios e as investigações clandestinas capitaneadas por Irineu sem a tutela do Estado também estavam anotados ali. Pois, para entender Juliana e Franz, para compreender o que se denominava kleinismo na UFPR , e kochianismo, na PUC-PR, ele teria que saber como pensavam, como agiam, de que estranha matéria eram feitos aqueles alemães.”
Que Fim Levou Juliana Klein? Marcos Peres Páginas: 352 Preço: R$ 40
Editora: Record