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Telinha em Pauta: entrevista exclusiva com Marco Pigossi, o Dante de A Regra do Jogo

Coluna da jornalista Camila Botto sobre tudo que acontece no mundo televisivo

Marco Pigossi em entrevista exclusiva

O paulista Marco Pigossi, 26 anos, encara seu papel de maior projeção no horário nobre.

Na pele do policial Dante, em A Regra do Jogo, o ator encarou uma longa preparação e tem feito as meninas suspirarem com sua boa forma.

Em entrevista à coluna, Marco fala sobre o atual desafio, elogia o autor João Emanuel Carneiro e a diretora Amora Mautner e garante que a pressão pela audiência não chega nos atores.

Marco, primeiro queria saber como foi sua preparação para fazer o Dante? Frequentou delegacias?
A preparação para o trabalho foi de pesquisa. O João te propõe personagens que já têm um passado, o que é raro em novelas, porque geralmente a história dos personagens começa com o início da trama. O Dante viu os pais sendo mortos aos 6 anos de idade, na frente dele, e ele conseguiu transformar esse trauma em uma coisa boa, que foi ser policial para mudar o que está errado. Ele é um cara muito correto, movido pela justiça, mas também pela vingança – e isso é bom porque nos dá muitas possibilidades. Quem é movido pela vingança é capaz de passar por cima de certas questões.

O Dante é da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, da Polícia Civil, que tem um trabalho mais investigativo, todos os policiais são advogados formados. No trabalho de pesquisa, conheci o dia-a-dia do trabalho e da vida pessoal de outros policiais, como eles são dentro e fora da profissão. Foi muito legal conhecer esse universo distante do que eu conheço, do que eu vivo. Conheci o trabalho mais investigativo, de procurar pistas, até a parte mais burocrática. Fui ao BOPE também para entender um pouco mais como é o trabalho de campo, em ação.

A intenção da Amora é misturar um pouco o trabalho investigativo e o de campo, colocar um pouco mais de ação. A ideia é mostrar que o Dante investiga a facção criminosa da novela e, quando vai a campo, o Batalhão dele vai atrás.

Marco Pigossi – (foto: Divulgação)


Muito tem se falado da sua forma física. Muita academia? rs.

O treinamento policial é muito intenso, muito mesmo. E eu fui buscar um treinamento que fosse parecido, encontrei o treinamento funcional que já é conhecido, só que mais intenso, e me adaptei a ele. Sim, existe um corpo pra esse personagem. Em Boogie Oogie, o Rafael era mais magro, sem músculos muito definidos, dentro da estética dos anos 70. E o Dante tem um corpo que também é importante pra contar a história. Me adaptei muito bem ao funcional, é um treinamento dinâmico, você pula, corre, se pendura, não é só ficar sentado fazendo repetições como na musculação. Além disso, mudei a alimentação com o acompanhamento de um profissional.

Você tem sido bastante elogiado pela crítica e também pelo público. Como recebe esta repercussão?
Sem dúvida é muito gratificante. O retorno que recebemos do público é nosso principal termômetro de que estamos no caminho certo do personagem.

Como tem sido sua rotina de gravações?
A rotina de gravações tem sido bastante intensa. Mas é um ritmo natural que surge com o desenrolar da trama.

Como é trabalhar com João e Amora?
Eu não conhecia o João Emanuel até começar a trabalhar com ele. O texto do João é de uma carpintaria incrível, é muito especial como dramaturgia porque você descobre coisas novas a cada leitura. Ele tem uma visão muito afiada das coisas, traz, além de novidades, uma riqueza de personagens. Não deixa nada definido, deixa possibilidades, assim como a vida. E isso tem um resultado muito bom. E Amora, também é meu primeiro trabalho com ela, tem um processo de direção completamente diferente de tudo o que eu já fiz, é um formato de linguagem chamado Caixa Cênica, que é extremamente inovador. Esse processo deixa o nosso lado artístico muito aflorado, nos dá bastante liberdade para improvisar, usar o que tem na cena, nada engessado.

Marco Pigossi (foto: Divulgação)


Algum outro projeto além do Dante (se é que é possível)

Não. No momento minha dedicação é total à novela.

Muito se fala em crises de audiência nas novelas. Isso atinge você como ator de algum modo?
Claro que a expectativa sobre resultados, números e audiência chegam até nós. Mas durante as gravações há uma imersão tão grande no trabalho que quem acabada lidando mais com isso é o lado corporativo da empresa.

Camila Botto é repórter do Correio, editora do site Feminino e Além, autora do livro Segredos Confessáveis e colunista do Cabine Cultural

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