Um dia a casa Cai
Por vezes lembrando “Como se livrar da coisa”, de Eugene Lonesco, mas também sempre com um pé em “Dona Flor e seus dois maridos”, de Jorge Amado, a peça vai questionando as opções na vida da mulher contemporânea dividida entre o amor e a carreira, bem como os critérios de avaliação para essas opções
Este é o último final de semana para conferir a comédia Um Dia a Casa Cai que está em cartaz no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio de Janeiro. As sessões acontecem de quinta a domingo, às 19h, até este domingo, dia 30 de outubro. No elenco estão Juliana Martins, Babi Xavier, Igor Cotrim e Renato Calvet.
Nessa montagem dirigida por Rose Abdallah, traduzida e adaptada por Paulo Reis, o público constatará que ainda vivemos, apesar de toda a liberação e de todo o crescimento feminista, amarrados a regras ancestrais impostas que se mostram difíceis de romper.
Com diálogos rápidos bem-humorados, e literalmente demolindo o cenário, a peça retrata a vida de uma típica família de classe média à beira das falências financeira e emocional. Expondo desejos, escolhas e conflitos diários.
Na trama, Luiza (Juliana Martins) é casada com Zé (Igor Cotrim), um arquiteto desempregado que, por não conseguir construir coisa alguma, vem destruindo paulatinamente a casa dos dois por dentro, e a cada parede derrubada vai demolindo também a falsa aparência da família feliz. Agarrada ao bordão “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”, ela ainda sonha com Thomaz (Renato Calvet), um namorado imaginário que poderia ter lhe dado um presente bem melhor do que atual, caso ela não tivesse dado o mau passo de rejeitá-lo tantos anos antes. A visita de Bibi (Babi Xavier), sua melhor amiga, faz com que as duas revisem o plano, ou seja, as fantasias que ambas nutrem para escapar dos escombros de suas vidas.
Por vezes lembrando “Como se livrar da coisa”, de Eugene Lonesco, mas também sempre com um pé em “Dona Flor e seus dois maridos”, de Jorge Amado, a peça vai questionando as opções na vida da mulher contemporânea dividida entre o amor e a carreira, bem como os critérios de avaliação para essas opções.
Ficha técnica Texto – Mary Agnes Donoghue Tradução e adaptação – Paulo Reis
Direção – Rose Abdallah