Cinema

Crítica – Nos cinemas: Herança de Sangue ainda não é a volta por cima de Mel Gibson, mas vale a pena ver

Herança de Sangue – Crédito: Ursula Coyotte

Filme está em cartaz em muitos cinemas do país, incluindo a rede UCI Orient de Salvador; muita ação

O filme Herança de Sangue, ainda em cartaz nos cinemas do Brasil, chegou ao país carregando o título de produção que fechou o Festival de Cannes, o que sempre é um ótimo chamariz para qualquer filme. Porém, diferente da ideia que está implícita ao fato do filme fechar um dos festivais mais importantes do mundo, o filme não é, de forma alguma, uma obra-prima. Está longe também, que fique claro, de ser uma película ruim.

O filme – Após seu namorado traficante culpá-la pelo roubo de uma fortuna do cartel, Lydia, uma jovem de 17 anos, precisa fugir. Ela só tem um aliado em todo o mundo: seu pai nada confiável, John Link, um motoqueiro fora-da-lei que já cumpriu pena. Agora ele está determinado a manter sua filhinha fora do perigo e fazer a coisa certa pela primeira vez na vida…

A história já começa acelerada e em poucos minutos tudo que tinha para acontecer para dar sentido ao filme acontece. Esta dinâmica é boa, e ajuda bastante para que o espectador sempre fique atento à trama. E logo que a menina se encontra com o seu pai (Mel Gibson) percebemos que o importante para a história dar certo é fazer que eles dois possuam química boa para serem pai e filha.

E felizmente possuem. Mel Gibson no papel de um ex-presidiário que busca se regenerar e Erin Moriarty no papel de uma garota com problemas de criação fazem uma dupla incomum, mas bem interessante. Todo o processo de fuga, e depois de enfrentamento é bem convincente.

Herança de Sangue tem como grande ponto forte o ritmo, acelerado, e a quantidade certa de ação. Mel Gibson já está acostumado com filmes nesta velocidade, mas há de se destacar que o ator, hoje um senhor, quase, não aguenta mais fazer grandes cenas de ação, então ele se transforma naqueles motoqueiros experientes que carrega tanto temos que todos tem medo.

Herança de Sangue

A fotografia impressiona, e talvez por conta destes elementos técnicos bem produzidos que ele, o filme, flerte com o cinema de arte. O clima, meio que reproduzindo todo um submundo, é recheado de imagens abertas, destacando o ambiente, região mais desértica ou estrada. Herança de Sangue assim carrega uma atmosfera de roadie movie.

A direção, a cargo de Jean-François Richet, é bem segura, sem erros. Mel Gibson e Erin tem atuações bastante corretas, com vários picos de emoção, principalmente no desenvolvimento da relação conturbada de pai e filha. Esta parte, mais dramática, é o que faz do filme uma trama um pouco mais reflexiva e não somente um filme de tiros e brigas.

O desfecho é interessante e sai um pouco do óbvio. A parte final, catártica, faz o espectador vibrar de tão intensa e tensa que ela é. Neste momento, os fãs de filmes de ação, com tiros e reviravoltas, vão soltar fogos de artifício, pois o resultado é realmente muito bom.

Herança de Sangue no fim das contas é um filme que vale a pena ser visto no cinema. Com um roteiro redondo, muita ação, um Mel Gibson em um bom papel (mas longe de seu melhor) e um desfecho satisfatório, o filme promete deixa o espectador com os olhos grudados do início ao fim.

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