Filme começa logo após o Jornal Hoje
Quem quer começar a semana assistindo um filme emocionante e com uma mensagem bem bonita já tem onde sintonizar: n Sessão da Tarde desta segunda, dia 14 de janeiro, que vai exibir o hit A Culpa é das Estrelas.
Imperdível.
Crítica
Sabe aquele artista que antes mesmo de entrar no palco percebe que já ganhou o público? Essa mesma sensação nós temos ao entrar em uma sessão de A Culpa é das Estrelas, filme do cineasta Josh Boone e baseado no best seller do escritor John Green. Já existe uma emoção que antecede o começo da história, seja pela simples expectativa criada pelos fãs ao longo deste meio tempo em que as palavras postas na obra literária foram transformadas em cenas de cinema, seja pelos trailers já mostrados. Essa emoção é ainda mais potencializada quando o filme começa e no primeiro contato que o público tem com Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) acontece – quase que de imediato – um sentimento de empatia por aquela bela e aparentemente frágil personagem.
Mas sabe o que é interessante em tudo isto? A expectativa, bem grande, criada por quase todos que vão assistir ao filme não é em momento algum frustrada pela história, que se mostra desde os primeiros diálogos um inteligente e marcante drama, com ares juvenis, mensagens adultas, atuações competentes e momentos de extrema beleza. A Culpa é das Estrelas já entra para um grupo bem restrito de produções que satisfizeram a enorme expectativa criada no seu período de pré-produção.
A Culpa é das Estrelas
Ares juvenis, sim, esse é o primeiro elemento característico da história. Neste aspecto específico, trata-se de uma versão mais aprofundada de Meu Primeiro Amor, um já clássico do cinema. A relação de Hazel com Augustus Waters (Ansel Elgort) oferece isso. Quando os dois se conhecem, e trocam olhares, no grupo de autoajuda que ambienta a parte introdutória da história, eles estão – bem da verdade – dando o pontapé inicial para uma nova e intensa fase da vida de um adolescente: a fase das descobertas e das primeiras vezes. E passar por essa complicada etapa ao lado de alguém que gosta e que irá te marcar por todo o resto da vida é de um prazer (e uma felicidade) inexplicável. E eles passaram por esse momento juntos, num curto, porém precioso, espaço de tempo. Essa relação, bela, por vezes ingênua e por vezes adulta, foi muito bem desenvolvida pelo diretor Josh Boone, que ajudou a construir uma história de amor adolescente sem se agarrar às facilidades que este tipo de filme produz.
Mas contrapondo esta perspectiva juvenil, o roteiro, com suas metáforas e seus diálogos, impõe ao espectador uma série de mensagens que causa impacto em todos nós, independente da idade que possuímos. Como não refletir a constante discussão de Hazel e Gus sobre o que desejar da vida? Ele, com sua grandiosa vontade de se fazer inesquecível, de ser inesquecível perante o mundo, é contraposto pelas belas palavras de Hazel, que num determinado momento questiona este seu desejo, o fazendo perceber que ser lembrado por alguém que o ama (nem que seja uma pessoa somente) é tão valioso quanto ser lembrado por milhões. E neste ponto do filme podemos abrir parênteses para duas interessantes lembranças:
A primeira diz respeito à dupla de protagonistas, de um talento admirável e de uma empatia evidente. Boa parte do sucesso de A Culpa é das Estrelas se deve ao trabalho bem feito de Ansel Elgort, que ainda não tinha um trabalho marcante nos cinemas, e, sobretudo, ao enorme potencial de Shailene Woodley, que – podem anotar – será uma das grandes e premiadas atrizes americanas nos próximos anos. Ela já havia marcado presença em Os Descendentes, depois brilhou no longa-metragem cult The Espectacular Now e mais recentemente protagonizou o filme da famosa saga Divergente.
Já o segundo parênteses nos leva novamente a falar da ideia de ser lembrado por toda a posteridade. Muito interessante e sensível ambientar uma parte da história em Amsterdã, na Holanda, e principalmente levar a dupla de parceiros na famosa casa de Anne Frank. Essa sequência, uma das mais significativas do filme, é de uma beleza e relevância sem iguais. Ver a imagem de Anne Frank contraposta com a imagem de Hazel faz o espectador criar de imediato um paralelo entre essas duas lindas jovens, adolescentes, com seus sonhos, desejos, planos, pensamentos… com todo um mundo pela frente, mas que vêem todas essas possibilidades sendo destruídas por conta das trágicas doenças do mundo (um câncer ou no caso de Anne, um regime totalitário).
A Culpa é das Estrelas ainda fornece outros materiais para discussão: a metáfora com o cigarro, a relação de super proteção que ambos possuem com os pais, a interessante trilha sonora e toda a parte que envolve o livro fictício, que faz com que eles viagem para a Holanda. John Green conseguiu produzir uma história sobre amor, esperança e perseverança envolvendo dois jovens marcantes. Josh Boone e sua equipe transformaram esta história criada no livro em um dos filmes mais interessantes deste ano, sinônimo de emoção, mas com possibilidades de risos, bem produzido, com sólidas atuações e um acabamento muito inteligente. Bonito de se ver.